Filha de D. João IV, irmã de D. Teodósio III, D.
Afonso IV, D. Pedro II e Rainha de Inglaterra pelo casamento com Carlos II de
Inglaterra, D. Catarina de Bragança nasceu em Vila Viçosa a 25 de Novembro de 1638
e faleceu em Lisboa em 1705.[1]
Filha do
rei D. João IV e de Dona Luísa de Gusmão, casou com o rei Carlos II de
Inglaterra em 1661, tendo enviuvado em 1685. O casamento da única Infanta
sobrevivente com o rei inglês firmava uma aliança política essencial para o
reconhecimento internacional de Portugal como país independente.
Teve um
papel fundamental na estratégia política da Guerra da Restauração.
Portugal
atravessava um período de conflito armado (1640-1668) e a situação económica
era bastante complexa. Não podia esperar o apoio de França, que estava
interessada em manter a paz com a Espanha e o domínio filipino não tinha
favorecido as relações luso-britânicas.
A união
entre a filha de D. João IV e Carlos II de Inglaterra significava o reatar
dessa velha aliança e uma forma de conseguir apoios face à guerra com Filipe IV
de Espanha.
Em
Fevereiro de 1641, parte para Inglaterra uma embaixada com D. Antão de Almada e
Francisco Andrade Leitão, porque D. João IV e os seus conselheiros viram a
necessidade de renovar a aliança com Londres o mais rapidamente possível. Desde
o princípio de 1641 que havia a vontade de estabelecer um acordo matrimonial
entre uma das filhas de D. João IV com o Príncipe inglês.
Mais
tarde, depois de várias vicissitudes e das agruras da guerra com Espanha, em
Fevereiro de 1661, seguiu para Londres o embaixador português Francisco de Melo
e Torres, Conde da Ponte, para negociar o casamento da Infanta D. Catarina de Bragança
com Carlos II de Inglaterra. Levava consigo instruções para poder oferecer como
dote 5.000.000 de libras esterlinas, comércio livre com o Brasil e Índias Orientais
e a entrega de Bombaim e Tânger.
Os
tratados de paz e de comércio, bem como o possível casamento entre Catarina de
Bragança com Carlos II de Inglaterra não foram um assunto pacífico para
Espanha, que tentou por todos os meios a evitar união. Na medida em que o Rei
inglês necessitava de dinheiro devido à guerra civil e dividas, Espanha prometia
grandes somas de dinheiro e praças, se este casasse com uma princesa de outra
nacionalidade, espalhando calúnias de que a Infanta portuguesa era feia e
estéril.
A 23 de
Junho de 1661, é assinado o tratado de paz entre Portugal e Inglaterra, que
também previa o casamento entre Carlos e Catarina.
No dia 11
de Março de 1662, a armada inglesa ancorava no Tejo, à frente do qual estava o
Lord de Sandwich, esperava por D. Catarina e metade do seu dote estabelecido no
tratado. Mas parte desse dote não foi entregue em ouro, pois as guerras da
Restauração tinham causado grande prejuízo na fazenda régia, o que levava a que
a outra parte fosse entregue juntamente com um pedido de desculpas por parte de
D. Luísa de Gusmão, em jóias e especiarias.[2]
Para obter esta união, D. Catarina levou como dote
as cidades de Tânger, no Norte de África, e de Bombaim, na Índia, para além de
uma elevada quantia em dinheiro e a liberdade de comércio para os ingleses nas
colónias portuguesas.
A Infanta levou também numerosos objetos de origem
oriental que foram tão apreciados que ainda persistem no gosto britânico, tais
como o mobiliário com assento e espaldar de palhinha e o hábito de beber chá em
porcelana chinesa.
Por sua vez, o Rei de Inglaterra concedeu à sua
mulher autorização para continuar a praticar a sua religião, num momento em que
o catolicismo era combatido. As questões religiosas estiveram na origem de
muitos dos problemas que a Rainha teve durante a sua estadia de 30 anos em
Inglaterra.
Nascida
no Paço dos Braganças, precisamente em Vila Viçosa, D. Catarina teve uma sólida
formação, apanágio de família, que a converteu numa Princesa com elevado
sentido patriótico. Sabemos hoje que Catarina, teve
um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração dos
hábitos da corte inglesa, que passaram por mudanças a nível da indumentária, da
alimentação, da música e pela utilização da porcelana chinesa nas refeições.
De regresso a Portugal, D. Catarina fez construir
o Paço da Bemposta, em Lisboa, onde viveu. Foi Regente do reino por dois curtos
períodos, tendo morrido em 1705.
Nos nossos
dias, poucos sabem a importância que a rainha Catarina teve para os ingleses e
o carinho que eles nutriram por ela. A sua popularidade estendeu-se até aos
Estados Unidos da América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens)
foi batizado em sua homenagem.
É precisamente
neste bairro de Nova Iorque que se encontra, perdida em algum armazém, uma estátua
de homenagem a D. Catarina.
Segundo o
ilustre calipolense Dr. José Manuel Martins, a municipalidade nova-iorquina, em
votação democrática, rejeitou a colocação desta estátua no espaço público,
segundo consta, através da fundamentação de que não se homenageiam “rainhas
colonialistas”.
A proposta
já apresentada pelo Dr. José Manuel Martins baseia-se na possibilidade de
trazer para Vila Viçosa a referida estátua e colocá-la no Largo D. João IV,
único com dimensão para o tamanho da escultura (que foi paga em subscrição
pública com o dinheiro dos emigrantes portugueses).
Penso que
esta seria uma justa homenagem!
BIBLIOGRAFIA
PINTO, Rui Miguel da Costa, "Catarina de
Bragança e a entrega de Tânger", Callipole: Revista de Cultura, nº 2, 1994, pp. 89-99.
ESPANCA, Joaquim José,
Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa,
1988.
Ilustre figura portuguesa! Se não caio em erro, D. Catarina era para casar com D. Luis XIV de França, o Rei Sol, (ou houve pelo menos tentativas para que isso acontecesse) que acabou por casar com D. Maria Teresa Da Áustria para estabelecer assim a paz entre França e Espanha!
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