quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

D. CATARINA DE BRAGANÇA; RAINHA DE INGLATERRA, NASCIDA EM VILA VIÇOSA

Filha de D. João IV, irmã de D. Teodósio III, D. Afonso IV, D. Pedro II e Rainha de Inglaterra pelo casamento com Carlos II de Inglaterra, D. Catarina de Bragança nasceu em Vila Viçosa a 25 de Novembro de 1638 e faleceu em Lisboa em 1705.[1]

Filha do rei D. João IV e de Dona Luísa de Gusmão, casou com o rei Carlos II de Inglaterra em 1661, tendo enviuvado em 1685. O casamento da única Infanta sobrevivente com o rei inglês firmava uma aliança política essencial para o reconhecimento internacional de Portugal como país independente.
Teve um papel fundamental na estratégia política da Guerra da Restauração.
Portugal atravessava um período de conflito armado (1640-1668) e a situação económica era bastante complexa. Não podia esperar o apoio de França, que estava interessada em manter a paz com a Espanha e o domínio filipino não tinha favorecido as relações luso-britânicas.
A união entre a filha de D. João IV e Carlos II de Inglaterra significava o reatar dessa velha aliança e uma forma de conseguir apoios face à guerra com Filipe IV de Espanha.
Em Fevereiro de 1641, parte para Inglaterra uma embaixada com D. Antão de Almada e Francisco Andrade Leitão, porque D. João IV e os seus conselheiros viram a necessidade de renovar a aliança com Londres o mais rapidamente possível. Desde o princípio de 1641 que havia a vontade de estabelecer um acordo matrimonial entre uma das filhas de D. João IV com o Príncipe inglês.

Mais tarde, depois de várias vicissitudes e das agruras da guerra com Espanha, em Fevereiro de 1661, seguiu para Londres o embaixador português Francisco de Melo e Torres, Conde da Ponte, para negociar o casamento da Infanta D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra. Levava consigo instruções para poder oferecer como dote 5.000.000 de libras esterlinas, comércio livre com o Brasil e Índias Orientais e a entrega de Bombaim e Tânger.
Os tratados de paz e de comércio, bem como o possível casamento entre Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra não foram um assunto pacífico para Espanha, que tentou por todos os meios a evitar união. Na medida em que o Rei inglês necessitava de dinheiro devido à guerra civil e dividas, Espanha prometia grandes somas de dinheiro e praças, se este casasse com uma princesa de outra nacionalidade, espalhando calúnias de que a Infanta portuguesa era feia e estéril.
A 23 de Junho de 1661, é assinado o tratado de paz entre Portugal e Inglaterra, que também previa o casamento entre Carlos e Catarina.
No dia 11 de Março de 1662, a armada inglesa ancorava no Tejo, à frente do qual estava o Lord de Sandwich, esperava por D. Catarina e metade do seu dote estabelecido no tratado. Mas parte desse dote não foi entregue em ouro, pois as guerras da Restauração tinham causado grande prejuízo na fazenda régia, o que levava a que a outra parte fosse entregue juntamente com um pedido de desculpas por parte de D. Luísa de Gusmão, em jóias e especiarias.[2]
Para obter esta união, D. Catarina levou como dote as cidades de Tânger, no Norte de África, e de Bombaim, na Índia, para além de uma elevada quantia em dinheiro e a liberdade de comércio para os ingleses nas colónias portuguesas.
A Infanta levou também numerosos objetos de origem oriental que foram tão apreciados que ainda persistem no gosto britânico, tais como o mobiliário com assento e espaldar de palhinha e o hábito de beber chá em porcelana chinesa.
Por sua vez, o Rei de Inglaterra concedeu à sua mulher autorização para continuar a praticar a sua religião, num momento em que o catolicismo era combatido. As questões religiosas estiveram na origem de muitos dos problemas que a Rainha teve durante a sua estadia de 30 anos em Inglaterra.

Nascida no Paço dos Braganças, precisamente em Vila Viçosa, D. Catarina teve uma sólida formação, apanágio de família, que a converteu numa Princesa com elevado sentido patriótico. Sabemos hoje que Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da Inglaterra e na alteração dos hábitos da corte inglesa, que passaram por mudanças a nível da indumentária, da alimentação, da música e pela utilização da porcelana chinesa nas refeições.
De regresso a Portugal, D. Catarina fez construir o Paço da Bemposta, em Lisboa, onde viveu. Foi Regente do reino por dois curtos períodos, tendo morrido em 1705.
Nos nossos dias, poucos sabem a importância que a rainha Catarina teve para os ingleses e o carinho que eles nutriram por ela. A sua popularidade estendeu-se até aos Estados Unidos da América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens) foi batizado em sua homenagem.
É precisamente neste bairro de Nova Iorque que se encontra, perdida em algum armazém, uma estátua de homenagem a D. Catarina.

Segundo o ilustre calipolense Dr. José Manuel Martins, a municipalidade nova-iorquina, em votação democrática, rejeitou a colocação desta estátua no espaço público, segundo consta, através da fundamentação de que não se homenageiam “rainhas colonialistas”.
A proposta já apresentada pelo Dr. José Manuel Martins baseia-se na possibilidade de trazer para Vila Viçosa a referida estátua e colocá-la no Largo D. João IV, único com dimensão para o tamanho da escultura (que foi paga em subscrição pública com o dinheiro dos emigrantes portugueses).

Penso que esta seria uma justa homenagem!

BIBLIOGRAFIA

PINTO, Rui Miguel da Costa, "Catarina de Bragança e a entrega de Tânger", Callipole: Revista de Cultura, nº 2, 1994, pp. 89-99.
ESPANCA, Joaquim José, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, 1988.











[1]ESPANCA, Joaquim José, Memórias de Vila Viçosa, Cadernos Culturais da Câmara Municipal de Vila Viçosa, 1988.
[2] PINTO, Rui Miguel da Costa, "Catarina de Bragança e a entrega de Tânger", Callipole: Revista de Cultura, nº 2, 1994, pp. 89-99.

1 comentário:

  1. Ilustre figura portuguesa! Se não caio em erro, D. Catarina era para casar com D. Luis XIV de França, o Rei Sol, (ou houve pelo menos tentativas para que isso acontecesse) que acabou por casar com D. Maria Teresa Da Áustria para estabelecer assim a paz entre França e Espanha!

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