segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

O COLÉGIO DOS MOÇOS DE CORO OU SEMINÁRIO DOS SANTOS REIS MAGOS

UMA NOTÁVEL ESCOLA DE MÚSICA DE VILA VIÇOSA

Também conhecida como Colégio dos Reis Magos, esta célebre escola de música de Vila Viçosa foi fundada pelo sétimo Duque de Bragança, D. Teodósio II, nos primeiros anos do século XVII.
Em 1609, estava já em pleno funcionamento, tendo como reitor o padre Bartolomeu Couraça e cinco alunos: Simão Pereira, Manuel Correia, Afonso Vaz, Manuel Dias e António Fernandes. Também o inglês (ou irlandês?) Robert Tornar (1587-1629), Mestre da Capela, terá lecionado no Colégio, onde deu aulas de música ao futuro Rei D. João IV.

Esta escola foi um verdadeiro “viveiro” de músicos para a Capela Ducal, pois nela se criaram, desde tenra idade, grandes nomes da arte musical do país. A educação moral, religiosa e literária foi ministrada, inicialmente, pelos sacerdotes seculares e, entre 1735 e 1752, pelos padres Jesuítas da Casa Professa de Vila Viçosa.
Desde a sua fundação até ao reinado de D. José, esta escola atingiu um esplendor inigualável e foi uma referência a nível nacional.
O seu regulamento original data de 18 de Março de 1645 e foi concedido pelo Rei D. João IV (oitavo Duque de Bragança). Aqui era ministrado o ensino das primeiras letras, canto de música e cantochão, órgão e instrumentos de sopro e de corda. O corpo discente era constituído por doze alunos internos, mas eram admitidos, no período escolar, alunos externos ou residentes em Vila Viçosa.

O Colégio dos Reis Magos foi extinto no dia 15 de Outubro de 1834, como consequência da extinção das Ordens Religiosas em Portugal, tendo sido o seu último reitor o cónego calipolense António José Leandro e os Professores Francisco Peres, de solfejo, Padre António Correia, de latim e Manuel Joaquim da Encarnação Sisudo, de instrução primária.

No ano de 1848, a Rainha D. Maria II autorizou a cedência do colégio para enfermaria do Regimento de Cavalaria 3, período em que recolheram ao Paço Ducal o precioso Cartório, o Arquivo Musical e a Biblioteca privativa de D. João V. Os móveis e os painéis do oratório foram colocados na Capela Real e o órgão de ensino foi levado para a Igreja de São João Evangelista (Igreja de São Bartolomeu).

O colégio primitivo estava situado no interior do Paço Ducal, mas por ser de reduzidas dimensões, passou, durante o ducado de D. João II (futuro D. João IV), para a zona superior das adegas, junto das atuais Salas de Jantar e Copa. Verificou-se uma nova mudança no reinado de D. João V, para o andar alto do Paço Ducal, em 1735.
O edifício colegial que chegou aos nossos dias foi construído pelo Rei D. José I e foi concluído na década de 1760. Fica junto da Porta do Nó e da “Ilha”, zona norte do Paço Ducal.

Em 1972, aqui foi instalada a Escola Secundária de Vila Viçosa, com o apoio da Fundação da Casa de Bragança, que se manteve em atividade até 1983, aquando da abertura do novo edifício escolar, na Tapada do Reguengo.

Um dos mais célebre alunos do Colégio dos Reis Magos foi João Lourenço Rebelo “o Rebelinho”. Foi o mais genial e excêntrico compositor de música religiosa do Portugal seiscentista.

Nascido em Caminha no ano de 1610, veio viver para Vila Viçosa em 1624, com 14 anos, acompanhando o irmão mais velho, o padre Marcos Soares Pereira. Foi fidalgo da Casa de Bragança e Comendador de São Bartolomeu de Rabal. Casou-se em Vila Viçosa e segundo o Padre Joaquim Espanca, morava no Paço ou nas suas imediações. Foi professor de música de D. João IV.

Quando em 1640 o oitavo Duque de Bragança foi aclamado Rei de Portugal, João Lourenço Rebelo e o seu irmão Marcos Soares Pereira acompanharam a corte para Lisboa, este último como Mestre da Capela do Paço da Ribeira.

Apesar de não haver documentação que o comprove, existe uma teoria que atribui a João Lourenço Rebelo e ao Rei D. João IV a autoria da célebre música natalícia “Adeste Fideles”.

FONTES

ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978. P. 521.







quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A PONTE DO RATINHO


Em 1892, O Convento de São Paulo de Vila Viçosa (edifício da SOFAL) encontrava-se já em avançado estado de ruína.


A maior parte dos materiais arquitetónicos do Convento foi aproveitada e encontra-se distribuída por diferentes locais de Vila Viçosa. 

No início do século XX, o claustro conventual foi demolido na sua quase totalidade e dos seus arcos se fez a ponte do Ratinho, a caminho de São Romão, que podemos ver nesta imagem.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

AS COVAS DO PARAÍSO

Já aqui escrevemos alguns factos interessantes sobre o Paraíso de Vila Viçosa.

Trata-se de um local muito pitoresco da localidade, cercado outrora de altos estevais, onde se encontram os fantasmagóricos Penedos do Paraíso. 

É aqui podemos identificar as Covas dos Monges, onde viveram anacoretas nos séculos XVI e XVII.
Estes monges eremitas viveram também em épocas arcaicas na Tapada de Vila Viçosa, nomeadamente na Ermida de São Jerónimo.







sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

O BAIRRO OPERÁRIO DE VILA VIÇOSA

A 23 de Setembro de 1933, o governo estabelece as condições segundo as quais é feita a participação na construção das casas económicas, em colaboração com as Câmaras Municipais, corporações administrativas e organismos corporativos.

As casas económicas, como passam a ser designadas, são habitações independentes de que os moradores se tornavam proprietários ao fim de um determinado número de anos (propriedade resolúvel), mediante o pagamento de uma prestação mensal que englobava os seguros de vida, de invalidez, de doença, de desemprego e de doença. As atribuições do governo sobre esta matéria eram partilhadas pelo Ministério das Obras Públicas.

E era este ministério era o responsável pela supervisão da construção destes imóveis, nomeadamente a aprovação dos projetos e orçamentos, escolha dos terrenos e da sua urbanização, promoção e fiscalização das obras, administração das verbas cabimentadas e fiscalização das obras de conservação e benfeitorias.

Em 1935, com a comparticipação do Ministério das Obras Públicas, o Município de Vila Viçosa mandou construir um bairro de 76 casas económicas.


O Bairro de Casas Económicas (designação oficial), era conhecido como “Bairro Operário”. Foi um dos primeiros do género a ser construído em Portugal. Muitos dos seus residentes eram trabalhadores das pedreiras de mármore e esta nova urbanização acolheu muitos dos agregados familiares, cujas habitações foram demolidas na sequência do arranjo urbanístico da Praça da República, a partir de 1938.
Estas imagens pertencem ao acervo fotográfico do Grupo "Amigos de Vila Viçosa" e terão sido registadas por Bomfilho Faria.





terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

ERMIDA DE NOSSA SENHORA DO PARAÍSO

Esta era a Ermida de Nossa Senhora do Paraíso em 1976, captada pelo olhar do historiador Túlio Espanca.

Exemplo puro de arquitetura alentejana, trata-se de um edifício datado de 1690. Pertenceu, até 1896, ao Padre Joaquim Espanca, que promoveu obras de valorização em 1889.

Estava integrada na Herdade das Cercas e hoje faz parte da Herdade do Paraíso.

Era aqui que os calipolenses comemoravam a Quinta Feira de Ascensão.

Nas imagens, é possível ver a ponte da Ribeira do Beiçudo, hoje “perdida” no meio do silvado e as grutas dos monges eremitas.





Onde estarão os azulejos de figura avulsa de finais do século XVII?!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

ANTIGOS LAGARES DE AZEITE DE VILA VIÇOSA

Vila Viçosa teve, ao longo do tempo, uma significativa importância a nível da olivicultura. Desde a Idade Média que o termo de Vila Viçosa era conhecido pela existência de significativas áreas de olival, que produziam azeitonas de boa qualidade.
Nesse sentido, a produção de azeite era uma das atividades socioeconómicas de maior relevância.

No século XVII, estava em funções um lagar de azeite na Rua de Fora, fundado por Manuel Serrão (falecido em 1628), irmão do organista da Capela Ducal, Diogo Serrão.
A sua filha Isabel e o genro, Luís Gomes Castanho, continuaram essa exploração ao longo do século XVII.

Em 1890, existiam na localidade cinco lagares de azeite (que serviam também de azenhas para a moagem de cereais), nos seguintes locais:

Pelames (no caminho para o Largo dos Capuchos, onde estavam também localizadas quatro fábricas de curtumes)

Porto de Elvas (junto da Ermida de Nossa Senhora do Paraíso)

Azenhas do Paraíso (próximo do anterior)

Engenho de Ferro (no caminho para o Moinho de Papel)

Buraco do Corregedor (situado junto da Carreira das Nogueiras e da Rua da Cruz, era um dos lagares mais antigos, que pertencera a João Tomé, meirinho[1] de D. Teodósio II, sétimo Duque de Bragança e que foi feito prisioneiro, juntamente com o Duque, na Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578).

Era o Ribeiro do Beiçudo que fazia mover todos os lagares mencionados nesta zona de Vila Viçosa.
Nos lagares do Buraco do Corregedor, Pelames e Porto de Elvas, era feita a moagem de cereais durante o resto do ano, depois da campanha da azeitona.

Na zona do Rossio de São Paulo (atual largo D. João IV), existiam mais três lagares de azeite, no século XIX, mencionados pelo Padre Espanca. Eram movidos pelas águas do Ribeiro do Rossio. Este curso de águas era conhecido, no final do século XVIII, como o Rio das Sete Pontes (pontes essas que perduraram até ao final do século XIX).




[1] Oficial de justiça. Tinha como função executar prisões, citações, penhoras e mandados judiciais.


                                                      Casa do Buraco do Corregedor

                                       
Ermida de Nossa Senhora do Paraíso (nas proximidades ficavam os lagares das Azenhas do Paraíso e Porto de Elvas)


    Rossio de São Paulo (A Ribeira do Rossio atravessava este espaço e aqui existiam três lagares no século XIX.  Era também conhecida por Rio das Sete Pontes. Uma dessas pontes é visível na imagem)



 Pelames

                                                        
                                         Paraíso, junto da passagem da Ribeira do Beiçudo

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cads., Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.

Idem, Compêndio de notícias de Villa Viçosa: província do Alentejo, Typ. De Francisco de Paula Oliveira Carvalho, Redondo, 1892 (HG 13830 V.)

ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

A Câmara de Vila Viçosa e os seus edifícios

O imóvel número 43 da Praça da República (antigo Adro de São Bartolomeu), serviu, desde meados do século XVIII até 1757, como o edifício dos Paços do Concelho de Vila Viçosa.
Antes das funções públicas, no ano de 1728, pertencia a Miguel Cabral de Quadros, residente em Lisboa.

Depois da inauguração do atual edifício camarário, em 1757, foi a residência de Bartolomeu Fialho, que tinha por anexim o “Cabeleireiro”, e que aqui faleceu em 1776.
Era um homem generoso e de “largos cabedais” que contribuiu largamente, enquanto fundador da Irmandade, para a construção da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Milagres.


O edifício nº 43 foi modificado ao longo do tempo, mas mantêm a silhueta arcaica, com portais chanfrados e balcões de sacada, adintelados e de cornijas salientes, de mármore. Tem também um conjunto de ferragens de balaústres cilíndricos, da época de D. Pedro II.
Residem atualmente no local os descendentes do Sr. Hernâni Pereira e da D. Maria das Dores Meneses da Silveira Rosado (que tinha ligações aos fidalgos Sousa da Câmara).

A primitiva DOMUS MUNICIPALIS estava inicialmente situada no interior do Castelo, em local impreciso, até que, também em data desconhecida, passou para a designada Praça Velha (a norte do local onde se encontra atualmente o Pelourinho e a Torre Albarrã).
Aqui estavam situadas todas as oficinas do concelho, nomeadamente os açougues, a cadeia e o celeiro comum do trigo. Entre 1662 e 1664, devido às Guerras da Restauração, às necessidades militares e às mudanças verificadas no Castelo, estes edifícios foram integralmente demolidos.

Desde 1664 até 1757, data de inauguração do atual edifício camarário, os serviços municipais funcionaram sempre em imóveis arrendados, na Rua de António Gançoso (no Castelo), de Cambaia (Rua Dr. António José de Almeida), Corredoura (Rua Florbela Espanca) e, como referimos, na casa dos atuais descendentes da Família Pereira.

No dia 2 de Julho de 1757, é inaugurado o novo edifício camarário, obra do mestre elvense José Francisco de Abreu.


Comemoram-se, em 2017, os 260 anos da data da inauguração.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

SABIA QUE:


80 % do mármore utilizado nas construções romanas da antiga capital da Lusitânia, Emérita Augusta (Mérida - Espanha), é proveniente do território que engloba os concelhos de Vila Viçosa, Estremoz, Borba e Elvas?