Também
conhecida como Colégio dos Reis Magos, esta célebre escola de música de Vila
Viçosa foi fundada pelo sétimo Duque de Bragança, D. Teodósio II, nos primeiros
anos do século XVII.
Em 1609, estava
já em pleno funcionamento, tendo como reitor o padre Bartolomeu Couraça e cinco
alunos: Simão Pereira, Manuel Correia, Afonso Vaz, Manuel Dias e António
Fernandes. Também o inglês (ou irlandês?) Robert Tornar
(1587-1629), Mestre da Capela, terá lecionado no Colégio, onde deu aulas de
música ao futuro Rei D. João IV.
Esta
escola foi um verdadeiro “viveiro” de músicos para a Capela Ducal, pois nela se
criaram, desde tenra idade, grandes nomes da arte musical do país. A educação
moral, religiosa e literária foi ministrada, inicialmente, pelos sacerdotes
seculares e, entre 1735 e 1752, pelos padres Jesuítas da Casa Professa de Vila
Viçosa.
Desde a
sua fundação até ao reinado de D. José, esta escola atingiu um esplendor
inigualável e foi uma referência a nível nacional.
O seu
regulamento original data de 18 de Março de 1645 e foi concedido pelo Rei D.
João IV (oitavo Duque de Bragança). Aqui era ministrado o ensino das primeiras
letras, canto de música e cantochão, órgão e instrumentos de sopro e de corda.
O corpo discente era constituído por doze alunos internos, mas eram admitidos,
no período escolar, alunos externos ou residentes em Vila Viçosa.
O Colégio
dos Reis Magos foi extinto no dia 15 de Outubro de 1834, como consequência da
extinção das Ordens Religiosas em Portugal, tendo sido o seu último reitor o
cónego calipolense António José Leandro e os Professores Francisco Peres, de
solfejo, Padre António Correia, de latim e Manuel Joaquim da Encarnação Sisudo,
de instrução primária.
No ano de
1848, a Rainha D. Maria II autorizou a cedência do colégio para enfermaria do
Regimento de Cavalaria 3, período em que recolheram ao Paço Ducal o precioso
Cartório, o Arquivo Musical e a Biblioteca privativa de D. João V. Os móveis e
os painéis do oratório foram colocados na Capela Real e o órgão de ensino foi
levado para a Igreja de São João Evangelista (Igreja de São Bartolomeu).
O colégio
primitivo estava situado no interior do Paço Ducal, mas por ser de reduzidas
dimensões, passou, durante o ducado de D. João II (futuro D. João IV), para a
zona superior das adegas, junto das atuais Salas de Jantar e Copa. Verificou-se
uma nova mudança no reinado de D. João V, para o andar alto do Paço Ducal, em
1735.
O
edifício colegial que chegou aos nossos dias foi construído pelo Rei D. José I
e foi concluído na década de 1760. Fica junto da Porta do Nó e da “Ilha”, zona
norte do Paço Ducal.
Em 1972,
aqui foi instalada a Escola Secundária de Vila Viçosa, com o apoio da Fundação
da Casa de Bragança, que se manteve em atividade até 1983, aquando da abertura
do novo edifício escolar, na Tapada do Reguengo.
Um dos
mais célebre alunos do Colégio dos Reis Magos foi João Lourenço Rebelo “o Rebelinho”.
Foi o mais genial e excêntrico
compositor de música religiosa do Portugal seiscentista.
Nascido em Caminha no ano de 1610, veio viver
para Vila Viçosa em 1624, com 14 anos, acompanhando o irmão mais velho, o padre
Marcos Soares Pereira. Foi fidalgo da Casa de Bragança e Comendador de São
Bartolomeu de Rabal. Casou-se em Vila Viçosa e segundo o Padre Joaquim Espanca,
morava no Paço ou nas suas imediações. Foi professor de música de D. João IV.
Quando em 1640 o oitavo Duque de Bragança foi
aclamado Rei de Portugal, João Lourenço Rebelo e o seu irmão Marcos Soares
Pereira acompanharam a corte para Lisboa, este último como Mestre da Capela do
Paço da Ribeira.
Apesar de não haver documentação que o
comprove, existe uma teoria que atribui a João Lourenço Rebelo e ao Rei D. João
IV a autoria da célebre música natalícia “Adeste Fideles”.
FONTES
ESPANCA,
Túlio - Inventário Artístico de Portugal
– Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes,
Lisboa, 1978. P. 521.
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