Em 2017, mais precisamente no dia 27 de Junho, comemoram-se os 80 anos de vida da Corporação dos Bombeiros Voluntários de Vila Viçosa.
A relação entre este organismo e a Fundação da Casa de Bragança foi motivo para uma pesquisa sobre a história partilhada entre estas duas Instituições, que têm mantido um diálogo permanente ao longo destas oito décadas.
Comemorar o octogésimo aniversário dos
Bombeiros de Vila Viçosa é celebrar o esforço abnegado daqueles que permitiram
a sua criação e dos seus sucessores, numa missão que se foi aperfeiçoando e
progredindo, ao longo das últimas décadas, à luz de uma história de altruísmo,
coragem e sacrifícios.
E como a categoria em que se classifica a
importância dos Homens se deduz, não da sua vida eloquente ou obscura, mas do
valor dos actos que praticam, aprendemos a olhar para os Bombeiros como heróis…
Resumir a história comum entre a Fundação
da Casa de Bragança e os Bombeiros de Vila Viçosa representou um desafio sob a
forma de viagem a um passado recente, onde se interligaram documentos, imagens
e testemunhos orais… Muito haveria por narrar, tendo em conta o volume de
acontecimentos partilhados pelas duas instituições.
A descoberta dos elementos escritos que
alicerçaram esta relação demonstraram que de facto, a partilha e a cooperação
entre a Fundação e os Bombeiros foi uma constante desde 1937 até a actualidade.
Trata-se de uma história solidária, intensa
e duradoura, que se reflecte no interesse de ambas instituições em atingir os
desígnios a que se propuseram… A preservação dos bens culturais contidos no
Paço Ducal por parte da Fundação e a missão humanitária de combate a incêndios
por parte dos Bombeiros.
Por seu turno, a Fundação sempre teve
disponibilidade em colaborar com os Bombeiros no que diz respeito aos
equipamentos de combate a sinistros que pudessem eventualmente colocar em causa
o património sob sua tutela.
Desde a sua origem, os Bombeiros assumiram
que o Palácio era o ponto mais sensível em termos de risco de incêndio e a
formação do seu corpo activo sempre teve especial incidência sobre esta
questão. O Paço Ducal constituiu um motivo de preocupação constante para os
Bombeiros de Vila Viçosa, na medida em que o seu legado patrimonial, único e
insubstituível, está integrado em estruturas de construção constituídas
maioritariamente por materiais combustíveis.
O Conselho Administrativo da Fundação da
Casa de Bragança, sob a presidência do Dr. António Luíz Gomes, a partir de
1945, interessou-se vivamente pela associação dos Bombeiros voluntários de Vila
Viçosa e pelo seu adestramento e eficiência, proporcionando-lhe frequentes
sessões de instrução e aquisição de equipamentos e materiais necessários.
Como foi salientado, as preocupações com o
Paço Ducal e o seu conteúdo sempre foram alvo de atenção especial por parte dos
bombeiros de Vila Viçosa e periodicamente, nos anos 40, deslocavam-se a esta
localidade elementos dos sapadores bombeiros de Lisboa, para vistoriarem o
edifício e ministrarem formação aos elementos da corporação de Vila Viçosa.
A instrução aos Bombeiros começou a ser
orientada pelo Chefe Mário de Almeida, dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, a expensas
da Fundação, em Maio de 1946, tendo interrompida unicamente nos anos de
1947-48.
Nesse mesmo ano, no dia 8 de Agosto, chega
a vila Viçosa uma moto-bomba oferecida pela Fundação à corporação de Bombeiros.
A chegada deste equipamento a Vila Viçosa originou um verdadeiro entusiasmo público,
que culminou com várias romarias ao quartel. Refere-se, na documentação
consultada, que este equipamento não tinha exemplares semelhantes na região.
A aquisição da escada Metz Magyrus em 1952
é um outro exemplo paradigmático…
Num processo demorado de avaliação de
propostas e análise sobre as diferentes marcas disponíveis, a Fundação da Casa
de Bragança avançou para a aquisição deste equipamento, considerado fundamental
para fazer frente a qualquer eventual sinistro no Paço dos Duques.
Mas não só a aquisições ou patrocínios se
restringe a história entre as duas instituições.
No triénio 1953-1956, o
conservador do Paço Ducal, Dr. João de Figueiredo, exerceu as funções de
Presidente da Assembleia Geral da Corporação dos Bombeiros de Vila Viçosa, como
representante do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança.
Este diálogo institucional não se resumiu
unicamente à formalidade dos apoios monetários para aquisição de meios de
combate, mas incluiu também a utilização de espaços para a realização de
actividades lúdicas e culturais, cujas receitas revertiam a favor dos Bombeiros
e que em muito contribuíram para o seu desenvolvimento ao longo destes 80 anos
de história.
Não serão suficientes as palavras para
justificar a grandeza do valor dos Bombeiros, da sua lealdade e dos seus
méritos e é nesse contexto que deve ser entendido o profícuo relacionamento com
a Fundação da Casa de Bragança.
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