sábado, 24 de julho de 2021

Vila Viçosa Antiga - CHAFARIZ DEL-REI

 

Este bebedouro, localizado no Terreiro do Paço, junto à “Janela de Lisboa”, foi construído no ano de 1772, por ordem do Rei D. José, não somente para uso público, mas principalmente para nele beberem as manadas de cavalos da Coudelaria de Alter, quando vinham pastar nas coutadas da Casa de Bragança.

Estava situado junto do muro do Jardim do Bosque, por debaixo da “Casa de Lisboa”. Era abastecido por nascentes provenientes da “Ilha”, tendo sido bastante utilizado durante o período em que as unidades de Cavalaria do Exército Português (Regimento de Cavalaria 3 e Escola Prática de Cavalaria) estiveram no Mosteiro de Santo Agostinho (atual Seminário Menor da Arquidiocese de Évora), ao longo do século XIX.

Foi seu construtor o pedreiro calipolense José Mendes Brochado, um dos mais engenhosos mestres de cantaria da região, no século XVIII. A sua longa taça alteada, de mármore lavrado, tinha capacidade para 50 cavalos. Foi demolido em 1939/40. Somente sobreviveram as três gárgulas, que ainda lá se encontram.

 

Foto – Arquivo Municipal de Lisboa





segunda-feira, 19 de julho de 2021

CASA DO CORREGEDOR - Vila Viçosa

 

Na Rua Luís Casadinho, antigamente designada Carreira das Nogueiras, encontramos um curioso edifício arcaico. Trata-se da antiga Ouvidoria da Casa de Bragança, construída em 1608, para residência de Domingos Álvares Leitão, desembargador do 7º Duque de Bragança, D. Teodósio II. O ouvidor era o magistrado que superintendia a justiça nos territórios senhoriais, neste caso, da Casa de Bragança.

Em 1791, por decreto régio, foram extintas as Ouvidorias e os cargos ocupados pelos corregedores, motivo pelo qual o velho palácio passou a ser conhecido como CORREGEDORIA.

O corregedor era o magistrado administrativo e judicial que representava a Coroa, em cada uma das comarcas do país.

No dia 22 de dezembro de 1836, a Casa de Bragança cedeu o edifício para nele se instalar, no primeiro piso, o TEATRO CALIPOLENSE e arrendou o piso térreo para diversas funções (armazenamento e apoio a atividades agrícolas)

O TEATRO CALIPOLENSE funcionou no edifício até ao ano de 1858. Na porta principal, ainda hoje está visível o monograma coroado DB (Ducado de Bragança), a indicar a posse do imóvel DB.

A fachada principal apresenta o carácter arquitetónico do século XVII. O edifício sofreu alguma ruína com o terramoto de 1755.

BIBLIOGRAFIA

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.







segunda-feira, 12 de julho de 2021

TRADIÇÕES ANTIGAS DE VILA VIÇOSA - AS “VAQUINHAS” DE SÃO LUÍS

 

TRADIÇÕES ANTIGAS DE VILA VIÇOSA

 

AS “VAQUINHAS” DE SÃO LUÍS

 

No Largo dos Capuchos, encontra-se a Ermida de São Luís, datada provavelmente do século XVI.

Nas suas imediações, decorria uma festa que tinha lugar no primeiro domingo de Setembro, antecedendo as tradicionais Festas dos Capuchos. Os almocreves, lavradores e hortelões de Vila Viçosa iam sempre levar as fogaças de fruta e as esmolas em homenagem a São Luís.

Tinha lugar uma missa cantada durante a manhã e a Filarmónica marcava presença. Durante a tarde, tinha lugar a “vaquinha”, que não era mais do que uma tourada à vara larga. Apesar de se chamar “vaquinha”, o animal toureado à corda era sempre um novilho com dois ou três anos.

No ano de 1825, foram acrescentadas umas casas anexas à sacristia, que passariam a funcionar como bazar para se venderem as fogaças. Isto porque no ano anterior a “vaquinha” investiu contra a mesa das ditas fogaças, partindo a corda que a prendia, obrigando os confrades a saltar o muro da horta.

Na casa das fogaças distribuíam-se bolinhos redondos e chatos semelhantes às modernas bolachas, a quem entregava fogaça ou boa esmola em dinheiro. Outros ofereciam fogaças de frutos ou frangos, que os rapazes apregoavam em voz alta.

No ano de 1858, formou-se uma varanda na parte superior da sacristia, para que a Juíza, a Escrivã e a Tesoureira da Confraria de São Luís pudessem assistir dali, mais seguras, à “vaquinha”.

Este divertimento tinha grande adesão no século XIX. Dizem as crónicas que os lavradores e rapaziada mais nova não faltavam à festa e os mais corajosos atreviam-se a tourear com lenços e cintas encarnadas. Outros combinavam-se e avançavam para as pegas.

Algumas vezes, arremetia a “vaquinha” contra os que seguravam a comprida corda, originando alguns sustos e pontuais ferimentos.

Em Setembro de 1931, existem registos de que a festa das “vaquinhas de São Luís” ainda se realizava.

Bibliografia

ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cadernos, Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.

 

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.