quinta-feira, 15 de novembro de 2018

CALLIPOLE SUBTERRÂNEA - Poço e cisterna da Rua dos Fidalgos


Mais um ponto identificado, no âmbito do Projeto CALLIPOLE SUBTERRÂNEA!
















Ontem fizemos a identificação de um poço, provavelmente com nascente, associado a uma cisterna, na antiga Rua dos Fidalgos (Rua Dr. Couto Jardim). Trata-se de uma estrutura hidráulica muito engenhosa, já que, para aumentar o armazenamento de água, foi criada uma cisterna contígua ao poço. Deste modo, o volume em metros cúbicos é bastante superior. É provável de se trate de um reservatório de água do antigo Colégio dos Jesuítas, criado em 1602, com o apoio do Duque D. Teodósio II. Estamos a investigar. Curiosa é a marca da água no interior da cisterna, formando um rodapé, assim como as gotículas de água acumuladas na cobertura.
Uma solução para a gestão e poupança de água no futuro, utilizando técnicas do passado?




quinta-feira, 8 de novembro de 2018

VILA VIÇOSA DE OUTRAS ERAS!



Provável imagem de 1938 ou 1939 da Praça da República (antiga Praça Nova de São Bartolomeu e mais tarde, Rainha D. Amélia).
A reconstrução do Castelo estava concluída, com a criação da Porta de Évora. A demolição do quarteirão de casas entre a Rua de Évora (que ia da “Comercial do Alentejo” ao atual posto dos CTT) e a Rua do Espirito Santo (desde o Café “Restauração” ao local onde se encontra o Cine Teatro Florbela Espanca) estava ainda por fazer.

Curioso é o coreto e o facto do primeiro Passo das Estações da Via Sacra, junto da Igreja do Espirito Santo (ou da Misericórdia), ainda se encontrar no sítio original, no Adro de São Bartolomeu. Foi deslocado, por volta de 1958-59, para a antiga Rua dos Fidalgos (atual Rua Dr. Couto Jardim), com a enorme perda dos silhares de azulejos historiados, provavelmente do século XVIII.



terça-feira, 6 de novembro de 2018

PONTE QUINHENTISTA DE SÃO FRANCISCO VELHO


Nas imediações do Convento Velho de São Francisco (construído em 1500), junto da ribeira da Fadraga, encontra-se a ponte quinhentista, construída pelos Frades Franciscanos. Trata-se de uma estrutura em alvenaria, de dimensões exíguas, contemporânea do primitivo espaço conventual. Está a jusante do aqueduto e é constituída por um arco de meio ponto e parapeito traçado em triângulo tradicional.
Continuamos a fazer o mapeamento do património calipolense, chamando a atenção para o risco de degradação de muitos bens. Seria interessante criar rotas que incluíssem alguns destes testemunhos do século XVI no concelho de Vila Viçosa.







segunda-feira, 5 de novembro de 2018

CONVENTO VELHO DE SÃO FRANCISCO DOS CAPUCHOS


Este foi o primeiro convento dos “Capuchinhos” em Vila Viçosa e estava situado na Herdade de São Francisco (no caminho para São Romão), tendo sido construído no ano de 1500 pelo quarto Duque de Bragança, D. Jaime. Foi cabeça da sua ordem em Portugal e da Província da Piedade, a primeira capucha da regular observância de São Francisco de Assis.

A ermida na imagem está construída na meia encosta entre os outeiros de sobro e estevais entre a Ribeira da Fadraga e Fonte da Cebola. O edifício foi reconstruído integralmente por Frei Paulo de Évora, geral da Ordem dos Franciscanos em 1654. Sofreu danos em 1834 (aquando da extinção das Ordens Religiosas em Portugal) e esteve sem cobertura até 1947, data em que o então proprietário das terras, Sr. João Cravo, promoveu obras de consolidação e restauro. Hoje, a propriedade pertence à família Ferreira.

O edifício ainda conserva a curiosa silhueta sacra na linha do ocidente, defrontando a base de grossa alvenaria do antigo cruzeiro e encostava à sacristia, refeitório e cozinha, únicas dependências contíguas, no período claustral. As celas ficavam disseminadas pelo terreno patrimonial do eremitério.
Com a frontaria rebocada de branco, com empena triangular recortada por volutas e aletas de enrolamento, barrocas, ainda hoje conserva o portal singelo e campanário axial, sem sino, que foi roubado após a profanação do edifício e o do seu abandono como ancestral hospício freirático.
Na empena da portada existiu e também desapareceu uma lápide comemorativa da restauração do templete, com a seguinte inscrição:

A PROVINCIA DA PIEDADE, PRIMEIRA CAPUCHA DE TODA A ORDEM DE NOSSO PADRE SÃO FRANCISCO, FEZ O PRIMEIRO CONVENTO NESTE LUGAR NO ANNO DE 1500, COM OS FAVORES E MERCÊS DO SERENÍSSIMO SENHOR D. JAIME. QUARTO DUQUE DE BRAGANÇA. MUDOU-SE DEPOIS O CONVENTO, FICOU AQUI HUMA ERMIDA. A QUAL ARRUINADA PELOS TEMPOS. FOI REEDIFICADA PELA MESMA PROVINCÍA COM O TÍTULO DE NOSSA SENHORA DOS ANJOS, REINANDO EL REI NOSSO SENHOR D. JOÃO IV, NO ANNO DE 1654.

A única nave, completamente despida de adornos, distribui-se em planta retangular e teve teto de berço. Nos alçados houve composições de tinta de água e uma coleção de quadros de óleo sobre tela, figurados por temas religiosos e personagens ligados à história da Ordem Capucha, de meio corpo, nomeadamente: o Duque fundador, D. Jaime, o seu filho D. Teodósio I, Frei João de Guadalupe, Frei Pedro de Melgar e Frei António do Casal, Arcebispo de Goa.
O santuário estava integrado no corpo da nave e teve três nichos de alvenaria, onde se expunham Nossa Senhora dos Anjos, imagem de roca e de pequena estatura (transferida para o Santuário de Nossa Senhora da Conceição), São Francisco de Assis e São José (ambas recolhidas para oratórios particulares).
Até 1978, existiam vestígios de alizares de azulejos polícromos. O púlpito também desapareceu, em data incerta.
Por se situar num ermo entre dois cabeços apertados e devido à insalubridade desta primeira casa monástica, ocorreu uma primeira mudança, em 1547, para junto do Outeiro da Forca. No entanto, esta nova instalação não foi definitiva, por se encontrar em terrenos alagadiços, o que trazia problemas à vida comunitária, sobretudo no inverno.
A terceira mudança (e definitiva) para o local onde hoje se encontra o Convento dos Capuchos que todos conhecemos, ocorreu em 1606.
Junto do primitivo convento, encontram-se a Fonte das Lágrimas e o aqueduto quinhentista, construção do estilo gótico final, construído com arcadas de tijolo vermelho, provavelmente no início do século XVI.

Bibliografia consultada:
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.


                         O primitivo edificio conventual, de 1500 (imagem captada em 1978)


                      O aqueduto quinhentista, situado nas imediações do primitivo convento



O edificio conventual dos Capuchos de Vila Viçosa, resultado da terceira e definitiva mudança, em 1606.