sábado, 25 de setembro de 2021

Castelo de Vila Viçosa

 No Castelo de Vila Viçosa, com o Santuário da Padroeira de Portugal, ao fundo, início do século XX (?)


Foto: Arquivo Municipal de Lisboa




quarta-feira, 22 de setembro de 2021

ANTIGO TERREIRO DE D. JOÃO - Vila Viçosa

 


Pela porta de Estremoz, no Castelo de Vila Viçosa, na atual Praça Infante de Lacerda, encontrava-se outrora o TERREIRO DE D. JOÃO, que era dominado pelo Paço de D. Fernando de Eça e do seu filho D. João de Eça, alcaides-mores de Vila Viçosa no início do século XVI. Foram ambos elementos da corte do quarto Duque de Bragança, D. Jaime.

 O primeiro participou na conquista de Azamor, em 1513, na sequência da qual recebeu a Ordem de Cristo. O segundo alcançou grandes feitos na Índia, para onde embarcou em 1527, recebendo como mercê a capitania de Cananor.

D. João foi incumbido pelo cunhado Lopo Vaz de Sampaio (casado com D. Leonor de Eça) de vigiar a costa de Calicute, onde aprisionou 50 embarcações carregadas de especiarias, tomou e saqueou Mangalor, mas perdeu a batalha naval de Cutiale.

Esta grande casa em Vila Viçosa, que alcançava a antiga Rua do Chafariz, compreendeu mais tarde o corpo habitado por D. Pascoela de Gusmão, camareira da Duquesa D. Catarina, em 1580. Era filha de D. Vasco Coutinho (neto do 1º Conde de Marialva) e de D. Joana de Eça.

Foi esta dama que originou a designação da Rua da Pascoela.

O Paço prolongava-se por esta artéria (nº 4-6), com o seu prospeto de dois pisos e janelas de mármore.

Com a frente setentrional integrada num pátio discreto, talvez outrora jardim, com arco pleno de alvenaria, no corpo alto, subsiste uma elegante galeria de três arcadas de meio ponto, apoiadas em colunelos da ordem dórica, de mármore, presentemente obstruídos. 

Trata-se de uma obra de meados do século XVI.

Nesta casa existiu, durante longos anos, uma rara escultura de mármore, representando em busto, uma deusa da antiguidade, com rosto sorridente, longos cabelos e roliços seios, que o Padre Espanca considerou Vénus ou uma das Graças da Mitologia grega e que o povo calipolense cognominou Pascoela.

 Fontes bibliográficas:

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978, p. 717




Vista parcial do antigo Terreiro de D. João, a partir do Castelo de Vila Viçosa. Do lado direito da fotografia, o corpo do paço habitado por D. Pascoela de Gusmão



Corpo do solar de D. João de Eça, posteriormente habitado por D. Pascoela de Gusmão. São visíveis as três arcadas de meio ponto originais, atualmente obstruídas.



 

sábado, 24 de julho de 2021

Vila Viçosa Antiga - CHAFARIZ DEL-REI

 

Este bebedouro, localizado no Terreiro do Paço, junto à “Janela de Lisboa”, foi construído no ano de 1772, por ordem do Rei D. José, não somente para uso público, mas principalmente para nele beberem as manadas de cavalos da Coudelaria de Alter, quando vinham pastar nas coutadas da Casa de Bragança.

Estava situado junto do muro do Jardim do Bosque, por debaixo da “Casa de Lisboa”. Era abastecido por nascentes provenientes da “Ilha”, tendo sido bastante utilizado durante o período em que as unidades de Cavalaria do Exército Português (Regimento de Cavalaria 3 e Escola Prática de Cavalaria) estiveram no Mosteiro de Santo Agostinho (atual Seminário Menor da Arquidiocese de Évora), ao longo do século XIX.

Foi seu construtor o pedreiro calipolense José Mendes Brochado, um dos mais engenhosos mestres de cantaria da região, no século XVIII. A sua longa taça alteada, de mármore lavrado, tinha capacidade para 50 cavalos. Foi demolido em 1939/40. Somente sobreviveram as três gárgulas, que ainda lá se encontram.

 

Foto – Arquivo Municipal de Lisboa





segunda-feira, 19 de julho de 2021

CASA DO CORREGEDOR - Vila Viçosa

 

Na Rua Luís Casadinho, antigamente designada Carreira das Nogueiras, encontramos um curioso edifício arcaico. Trata-se da antiga Ouvidoria da Casa de Bragança, construída em 1608, para residência de Domingos Álvares Leitão, desembargador do 7º Duque de Bragança, D. Teodósio II. O ouvidor era o magistrado que superintendia a justiça nos territórios senhoriais, neste caso, da Casa de Bragança.

Em 1791, por decreto régio, foram extintas as Ouvidorias e os cargos ocupados pelos corregedores, motivo pelo qual o velho palácio passou a ser conhecido como CORREGEDORIA.

O corregedor era o magistrado administrativo e judicial que representava a Coroa, em cada uma das comarcas do país.

No dia 22 de dezembro de 1836, a Casa de Bragança cedeu o edifício para nele se instalar, no primeiro piso, o TEATRO CALIPOLENSE e arrendou o piso térreo para diversas funções (armazenamento e apoio a atividades agrícolas)

O TEATRO CALIPOLENSE funcionou no edifício até ao ano de 1858. Na porta principal, ainda hoje está visível o monograma coroado DB (Ducado de Bragança), a indicar a posse do imóvel DB.

A fachada principal apresenta o carácter arquitetónico do século XVII. O edifício sofreu alguma ruína com o terramoto de 1755.

BIBLIOGRAFIA

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.







segunda-feira, 12 de julho de 2021

TRADIÇÕES ANTIGAS DE VILA VIÇOSA - AS “VAQUINHAS” DE SÃO LUÍS

 

TRADIÇÕES ANTIGAS DE VILA VIÇOSA

 

AS “VAQUINHAS” DE SÃO LUÍS

 

No Largo dos Capuchos, encontra-se a Ermida de São Luís, datada provavelmente do século XVI.

Nas suas imediações, decorria uma festa que tinha lugar no primeiro domingo de Setembro, antecedendo as tradicionais Festas dos Capuchos. Os almocreves, lavradores e hortelões de Vila Viçosa iam sempre levar as fogaças de fruta e as esmolas em homenagem a São Luís.

Tinha lugar uma missa cantada durante a manhã e a Filarmónica marcava presença. Durante a tarde, tinha lugar a “vaquinha”, que não era mais do que uma tourada à vara larga. Apesar de se chamar “vaquinha”, o animal toureado à corda era sempre um novilho com dois ou três anos.

No ano de 1825, foram acrescentadas umas casas anexas à sacristia, que passariam a funcionar como bazar para se venderem as fogaças. Isto porque no ano anterior a “vaquinha” investiu contra a mesa das ditas fogaças, partindo a corda que a prendia, obrigando os confrades a saltar o muro da horta.

Na casa das fogaças distribuíam-se bolinhos redondos e chatos semelhantes às modernas bolachas, a quem entregava fogaça ou boa esmola em dinheiro. Outros ofereciam fogaças de frutos ou frangos, que os rapazes apregoavam em voz alta.

No ano de 1858, formou-se uma varanda na parte superior da sacristia, para que a Juíza, a Escrivã e a Tesoureira da Confraria de São Luís pudessem assistir dali, mais seguras, à “vaquinha”.

Este divertimento tinha grande adesão no século XIX. Dizem as crónicas que os lavradores e rapaziada mais nova não faltavam à festa e os mais corajosos atreviam-se a tourear com lenços e cintas encarnadas. Outros combinavam-se e avançavam para as pegas.

Algumas vezes, arremetia a “vaquinha” contra os que seguravam a comprida corda, originando alguns sustos e pontuais ferimentos.

Em Setembro de 1931, existem registos de que a festa das “vaquinhas de São Luís” ainda se realizava.

Bibliografia

ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cadernos, Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.

 

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.




 

terça-feira, 8 de junho de 2021

Vila Viçosa, final do século XIX

 VILA VIÇOSA, final do século XIX


A caminho da feira do gado, pela Rua dos Fidalgos...

Fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa

© PT-AMLSB-CMLSBAH-PCSP-004-NEG-000818



domingo, 9 de maio de 2021

FEIRA DE AGOSTO EM VILA VIÇOSA

 

FEIRA DE AGOSTO EM VILA VIÇOSA

A Feira de Agosto teve a sua origem provavelmente no século XVI, mais precisamente em 1528, por iniciativa do quarto Duque de Bragança D. Jaime e com autorização régia.

A sua localização inicial foi na envolvente do Terreiro do Paço e do Terreiro dos Agostinhos. Em meados do século XIX, os ajuntamentos de feirantes passaram para o Carrascal e para o Rossio de São Paulo.

Esta feira foi, em tempos, uma das maiores e mais concorridas do Alentejo no que ao comércio de gado diz respeito. Paralelamente, constituía um local de comércio para todo o tipo de mercadorias. Foram uma importante fonte de dinamização do quotidiano económico e social do concelho.

Nesta imagem do Arquivo Municipal de Lisboa, de finais do século XIX, podemos ver uma “mulada”no Terreiro do Paço, sob o olhar atento de alguns potenciais compradores, provavelmente a caminho da feira de Agosto.

 

Bibliografia:

ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, Dar aos pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima (Séculos XVI-XVIII), SCMVV, Barcelos, 2000.

 


 Créditos fotográficos

Arquivo Municipal de Lisboa - PT-AMLSB-CMLSBAH-PCSP-004-NEG-000693

segunda-feira, 19 de abril de 2021

CALLIPOLE SUBTERRÂNEA – QUINTA DA VASSOURA

 

Nas “andanças”, procurando estruturas subterrâneas de água em Vila Viçosa, as pesquisas levaram-me hoje até à Quinta da Vassoura, situada no caminho para São Romão. Foi aí que encontramos o Sr. Manuel Félix (85 anos), que nos contou um pouco da história deste local:

Água é vida! E por haver em abundância em Vila Viçosa, é que os antigos aqui se instalaram, há séculos!”

Na Quinta da Vassoura existe uma contramina com uma nascente, cuja construção é de data incerta (séculos XVI/XVII?). A base do outeiro foi escavada, com perfuração do xisto, até à zona da nascente:

Os mais velhos que aqui viviam e que ainda conheci na minha infância, sempre falaram nesta nascente aqui!

Seja verão ou inverno, a água brota das entranhas da terra, circulando outrora por um engenhoso sistema detalhado pelo Sr. Manuel Félix, que a conduzia até à zona da horta, com recurso à lei da gravidade.

São tantas as histórias que ficamos de voltar a conversar!


                           Zona interior da contramina, onde se encontra a nascente de água



               Sr. Manuel Félix (85 anos) , explicando o engenhoso sistema de circulação de água



                                                         Contramina - zona exterior



                                                       Contramina, no período de verão



                                                         Zona interior da contramina




Ponte de alvenaria, junto da contramina

quarta-feira, 14 de abril de 2021

PEDAÇOS DA HISTÓRIA DE VILA VIÇOSA

 

Final do século XIX

 

Ao fundo, ao centro, o antigo Largo da Saboaria (actual Largo Mariano Prezado). As feiras em Vila Viçosa realizavam-se neste local, no prolongamento do terreiro de Santo Agostinho, desde o século XVI até meados do século XIX.

 

Era aqui que estava localizada a fábrica de sabão da vila.

 

Do lado direito, o Paço dos Caminhas, alcaides-mores de Vila Viçosa, edifício que pertence atualmente à Fundação da Casa de Bragança.

 

No primeiro plano, do lado esquerdo, o Mosteiro de Santo Agostinho (século XIII) , que foi utilizado depois da extinção das Ordens Religiosas em 1834 como aquartelamento militar, tendo acolhido os Caçadores 6 (1844), Regimento de Cavalaria 3 (1848), Escola Prática de cavalaria em 1890 e Regimento de Infantaria 16, entre 1937 e 1939.

 

Logo depois, a Igreja de Nossa Senhora da Graça, Panteão dos Duques de Bragança.

 

Na imagem, os soldados estão à conversa com o povo, por entre as vacas, as mulas e os porcos. A fotografia foi registada a partir da célebre “Janela de Lisboa”, na continuação do Jardim do Bosque.


©Arquivo Municipal de Lisboa - PT-AMLSB-CMLSBAH-PCSP-004-NEG-001036






 

domingo, 11 de abril de 2021

Vila Viçosa de outras eras...

 

Vila Viçosa, final do século XIX

Quando os borregos que sobreviveram à Páscoa ainda pastavam no Terreiro do Paço…

© Arquivo Municipal de Lisboa - PT-AMLSB-CMLSBAH-PCSP-004-NEG-000819




quarta-feira, 7 de abril de 2021

CALLIPOLE SUBTERRÂNEA

 CALLIPOLE SUBTERRÂNEA

Continuamos a efetuar a identificação de estruturas hidráulicas subterrâneas em Vila Viçosa e nas suas imediações.
Recentemente e graças à ação dos proprietários, foi possível efetuar a limpeza da envolvente e registar uma interessante cisterna, que faz parte de um circuito de condução de águas para aproveitamento agrícola, com vários hidropontos dispersos numa vasta área, o que nos leva a colocar a hipótese de existirem um ou mais aquedutos subterrâneos. Curiosamente, esta estrutura encontra-se na proximidade de uma outra cisterna que já tínhamos identificado em 2019. A primeira, no entanto, encontrava-se nessa data completamente envolta em vegetação, permanecendo até agora quase desconhecida.
O que nos parece evidente é que existiam engenhosos sistemas de captação e condução de águas, com algumas semelhanças construtivas entre si, não somente no centro histórico de Vila Viçosa, mas também em várias propriedades e quintas das proximidades, que permitiam o aproveitamento e armazenamento de água para fins agrícolas e de consumo.
Por uma questão de segurança e sigilo, não identifico a localização e os atuais proprietários, a quem agradeço, ficando essa informação apenas disponível no âmbito deste estudo que continuamos a desenvolver.

                                                     Estrutura de superfície da cisterna



                             Parte interior da cisterna, com uma estrutura de abóbada em tijoleira


                                     Parte interior da cisterna, com várias condutas de água


                                                           Estrutura interior da cisterna


                                Hidroponto localizado a cerca de 500 metros da cisterna anterior



                               Parte interior do hidroponto localizado a 500 metros da cisterna

sábado, 27 de março de 2021

CRUZEIRO DOS AGOSTINHOS

 No adro da primitiva frontaria da Igreja de Nossa Senhora da Graça (mais conhecida como Igreja dos Agostinhos), no lado sul do antigo Terreiro dos Agostinhos, encontra-se um formoso cruzeiro de mármore branco, assente em placa e degraus da mesma pedra, peanha em losango floral e um fuste estriado em dois sectores, do estilo coríntio.

Este cruzeiro estava localizado originalmente no Rossio de São Paulo, em frente da desaparecida Ermida de São Sebastião.
Este templo do século XVI encontrava-se no início da Rua da Aldeia de Cima e foi demolida em 1868, aquando da abertura da estrada para São Romão, que deste ponto nascia inicialmente.





quinta-feira, 25 de março de 2021

CRUZEIRO DA HORTA DA CRUZ - Vila Viçosa

 CRUZEIRO DA HORTA DA CRUZ

O cruzeiro do adro, junto da Ermida de S. Tiago, está defronte da Horta da Cruz, no Largo dos Capuchos e daí recebeu o nome.
Está implantado sobre um bloco roqueiro, esculpido em mármore branco, de boas dimensões, que arranca de base rústica imitando a montanha de Golgotá.
A tradição refere que a Ermida de São Tiago serviu de primeira matriz do burgo medieval de Vila Viçosa, antes do foral de 1270.Muito antes disso, diz a lenda que neste local terá existido um templo romano dedicado a à bela deusa Proserpina, filha de Júpiter e Ceres na mitologia romana.




Cruzeiro



Ermida de São Tiago





Quinta da Cruz

domingo, 21 de fevereiro de 2021

POSTAL ANTIGO DE VILA VIÇOSA

 

- Paço dos Matos Azambuja - Casa dos Arcos (lado esquerdo)

- Acesso à Rua da Pascoela

- Paço dos Lucenas (lado direito)

- Avenida Duques de Bragança (construída em 1939/40)

- Cerca Velha (recinto medieval do reinado de D. Dinis)

- Porta de Estremoz

- Igreja de Santa Maria do Castelo - Santuário de Nossa Senhora da Conceição

- Fortaleza-Artilheira do século XVI (no topo da imagem)