quarta-feira, 30 de outubro de 2019

ESTÁTUA DE D. ÁLVARO ABRANCHES DA CÂMARA



Escultura de José Pereira Lima dos Santos (final do século XIX), representando D. Álvaro, com a bandeira real portuguesa, hasteada no Castelo de São Jorge no dia 1 de Dezembro de 1640.
D. Álvaro Abranches da Câmara foi um dos Quarenta Conjurados, que muito contribuiu para a aclamação do oitavo Duque de Bragança como Rei de Portugal. Servindo D. João IV, participou na Guerra da Restauração, praticando várias ações militares na Beira.
Antes disso, tinha lutado brilhantemente para o Reino de Portugal quando, em 1625, foi tomada a Bahia, no Brasil, aos holandeses.
Faleceu em 1660.
Simbolicamente, a sua estátua foi colocada neste local a norte do Castelo de Vila Viçosa, pela Fundação da Casa de Bragança, no ano 2000, por ter sido aqui que o exército espanhol do Marquês de Caracena tentou invadir este espaço, no dia 9 de Junho de 1665, dias antes da Batalha de Montes Claros.

D. Álvaro de Abranches da Câmara ou Álvaro Coutinho da Câmara 
(? -1660)
Senhor do morgado de Abranches, em Almada, foi um nobre, militar e político português; comendador de São João da Castanheira na Ordem de Cristo; governador de Abrantes, membro da Junta dos Três Estados,, mestre de campo general na Estremadura, e conselheiro de estado e do Conselho de Guerra, governador das armas da Província da Beira e da Província de Entre-Douro-e-Minho, incluindo a cidade do Porto. Ainda novo lutou brilhantemente para o Reino de Portugal quando, em 1625, foi tomada a Bahia, no Brasil, aos holandeses.
Contribuiu muito igualmente para a proclamação de D. João IV, como rei de Portugal, logo no inicio como um dos Quarenta Conjurados, sendo o primeiro que fez subir a bandeira nacional portuguesa, de novo, em Lisboa, e, assenhoreando-se do castelo de S. Jorge, soltando Matias de Albuquerque e Rodrigo Botelho, conselheiros de fazenda, que estavam ali presos pelos castelhanos. Depois na Restauração da Independência e durante a Guerra da Restauração, que se lhe seguiu, praticou várias acções de valor na província da Beira, nomeadamente, entrando em Espanha, onde saqueou e incendiou algumas vilas espanholas.
Foi provedor da Santa Casa da Misericórdia de Almada.
Falecido em 1660, está sepultado na Igreja de São Paulo de Almada.





quarta-feira, 16 de outubro de 2019

CALLIPOLE SUBTERRÂNEA – QUINTA DO MARTINHO


No âmbito do projeto CALLIPOLE SUBTERRÂNEA, identificámos hoje outra nora com uma cisterna associada, nas proximidades de Vila Viçosa (1,5 km). Trata-se de uma estrutura hidráulica com nascente de água associada. Apesar do período de seca severa que vivemos, apresenta um nível de água muito significativo, outrora utilizado para as atividades agrícolas, nomeadamente a rega da horta.
Num período em que se fala cada vez mais sobre a escassez de água, é importante salientar que no âmbito do nosso levantamento, o líquido é encontrado em abundância em muitos destes reservatórios, distribuídos pelo centro histórico e na envolvente.
Estas estruturas funcionavam num passado não muito distante como elementos fundamentais na gestão e poupança de água. Temos identificadas cerca de 20 estruturas hidráulicas (entre cisternas, noras, minas e aquedutos subterrâneos), fundamentais para a distribuição de água.

LOCALIZAÇÃO

QUINTA DO MARTINHO

Está situada nas proximidades da Quinta da Fonte Santa, ao oriente do outeiro de São Domingos.
Em 1882 moravam aqui quatro pessoas, segundo o levantamento efetuado pelo Padre Joaquim Espanca. Neste tempo, era conhecida pela existência de um pomar de laranjeiras de boa qualidade.

A Quinta do Martinho pertenceu ao Capitão Martinho José Leal, que tomou posse e juramento no dia 8 de Outubro de 1757. Em Julho desse mesmo ano, fora eleito Capitão da Companhia de São Romão, lugar vago pelo falecimento de Francisco Lopes de Torres.
Martinho José Leal foi Escrivão da Câmara, Vereador e Sargento-Mor da Ordenança, morrendo já no século XIX.

Esta área, desde a Fonte Santa, era bastante conhecida pela abundância, qualidades e virtudes das suas águas. Neste espaço, foi possível identificar uma nora com uma cisterna associada, com grande quantidade de água no seu interior, apesar do período de seca. A estrutura tem uma rampa de acesso para o animal de tração poder mover a nora e permitir a retirada de água para irrigação da horta. É semelhante a muitas outras já identificadas no centro histórico de Vila Viçosa.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cads., Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.


LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
















domingo, 13 de outubro de 2019

Castelo de Vila Viçosa

Nos anos de 1939, 1940 e 1941, o Castelo de Vila Viçosa é alvo de um conjunto de intervenções promovidas pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. Esta estratégia de valorização ideológica inseriu-se na ação política do Estado Novo e da exaltação dos valores ligados à Restauração da Independência, que tinha tido em Vila Viçosa, em 1640, um dos seus principais lugares. 
A planificação é pensada pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, que tinha também uma forte ligação afetiva a Vila Viçosa. 


Foi então definido um plano que viria a alterar profundamente o contexto urbanístico de Vila Viçosa, inserido no estilo designado "Português Suave", que procurava implementar uma arquitetura genuinamente portuguesa.

Nestes três anos, são efetuadas as primeiras e mais significativas ações, levadas a cabo pelo empreiteiro António Domingues Esteves, consistindo na demolição de paredes de alvenaria, consolidação e regularização da muralha, construção e assentamento de degraus e de ameias, segundo as existentes; construção e assentamento de cantaria aparelhada em cunhais, portas e degraus; construção de paredes de alvenaria em muralhas; demolição da Capela de Nossa Senhora dos Remédios; reconstrução da torre cilíndrica ao lado da Porta de Évora; entaipamento da porta de Elvas e do cubelo quadrangular na sua proximidade, que descaíra, aproveitando-se os seus materiais; demolição da ponte de alvenaria de acesso à porta principal da fortaleza artilheira; demolição das duas tenalhas e da cortina, que se adossava à torre albarrã; reparação geral da armação dos telhados, com substituição de madeiras, e da cobertura na fortaleza artilheira; arranjo dos acessos ao castelo e apeamento e transferência do pelourinho, para a localização actual e da Porta do Nós (na Cerca Nova) para junto da cerca do Mosteiro dos Agostinhos. 

As grandes obras vão prolongar-se até meados dos anos 50 do século XX e abrangeram a cerca medieval, a fortaleza-artilheira e as fortificações seiscentistas.

 As intervenções efetuadas geram hoje alguma controvérsia nos especialistas sobre esta matéria, porque correspondem a um plano com uma forte carga ideológica e que sacrificou alguns dos elementos originais da Cerca Velha.
 Também a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, situada junto da torre albarrã e provavelmente do século XVI, foi completamente demolida. Uma decisão polémica, tendo em conta o valor do revestimento azulejar do seu interior e a perda parcial do retábulo de talha dourada do início do século XVIII, felizmente recuperados por ação da Fundação da Casa de Bragança.

Na imagem, temos a construção (ou reconstrução ?) da Porta de Évora, uma das mais importantes referências do Castelo nos nossos dias. 


Fonte consultada:

www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=3927