segunda-feira, 9 de abril de 2018

UM HERÓI CALIPOLENSE NA BATALHA DE LA LYS


Comemoram-se hoje 100 anos sobre a Batalha de la Lys, acontecimento trágico da história europeia, ocorrida no decurso da I Grande Guerra Mundial.

Vila Viçosa também teve filhos seus nesse episódio militar de dia 9 de Abril de 1918.

ALEXANDRE DE JESUS CABEÇAS foi Alferes miliciano do Corpo Expedicionário Português[1].

Nasceu em Vila Viçosa no final do século XIX. Era filho de Manuel do Nascimento Cabeças e de Ana Bárbara de Brito. Partiu para França solteiro, não tendo deixado descendência.
Embarcou em Lisboa no dia 12 de Novembro de 1917 para participar na I Grande Guerra Mundial, integrado no referido Corpo Expedicionário Português. No dia 21 de Novembro de 2017 estava integrado na reserva do Batalhão nº 29.

No dia 16 de Dezembro de 1917, frequentou o curso sanitário do referido corpo militar.
Faleceu na Flandres, na primeira linha da Batalha de La Lys[2], integrado no Batalhão de Infantaria 29, no dia 9 de Abril de 1918, em virtude dos ferimentos sofridos. Ignora-se o local onde foi sepultado, na medida em que o seu corpo ficou na posse das tropas alemãs.
Existe em Vila Viçosa uma rua com o seu nome, que faz a ligação entre a Rua Dr. Couto Jardim e a Rua Florbela Espanca. 

As pesquisas sobre Alexandre Cabeças foram efetuadas no âmbito do trabalho de investigação sobre os "Notáveis Calipolenses", obra publicada em 2016. A fotografia foi gentilmente disponibilizada pelo Arquivo Histórico Militar – Direção de História e Cultura Militar. Um outro calipolense, Bonfilho Faria, participou na batalha, tendo ficado prisioneiro das tropas alemãs. Estamos a ultimar a investigação sobre a sua vida.


[1] O Corpo Expedicionário Português foi a principal força militar que Portugal, durante a 1ª Guerra Mundial, enviou para França, com a finalidade de, através da sua participação ativa no esforço de guerra contra a Alemanha que também ameaçava os seus territórios ultramarinos, conseguir apoios dos seus aliados e evitar a perda daqueles territórios.
[2] A Batalha de La Lys deu-se a 9 de Abril de 1918, no vale da ribeira de La Lys, sector de Ypres, na região da Flandres, na Bélgica. Nesta batalha, que marcou negativamente a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial, os exércitos alemães infligiram uma pesada derrota às tropas portuguesas, constituindo o maior desastre militar português depois da batalha de Alcácer-Quibir, em 1578.




quinta-feira, 5 de abril de 2018

FONTE GRANDE


A Fonte Grande teve três localizações diferentes na Praça Martim Afonso de Sousa:

1 – Quando foi construída, em 1588, ficava quase no centro da atual praceta, em frente da Rua da Pascoela. Nesta altura, era do tipo de mergulho, que se atingia por três lados, com degraus de mármore.
2 – Em 1693, foi transferida para o eixo da praça.
3 – Em 1940, por iniciativa municipal, foi novamente mudada, desta feita para o murete norte, onde atualmente se encontra, ao lado do Paço dos Matos Azambuja (Casa dos Arcos)

Na imagem, captada nas primeiras décadas do século XX, é visível a 2.ª localização. A segunda fotografia mostra a localização actual.




terça-feira, 3 de abril de 2018

IGREJA E CONVENTO DA ESPERANÇA


Este espaço conventual foi fundado pela Duquesa de Bragança, D. Isabel de Lencastre, esposa do quinto Duque de Bragança, D. Teodósio I, em 1553. A comunidade religiosa pertencia à Ordem de Santa Clara e a igreja estaria pronta para o culto na década de 1570, altura em que passou a receber as sepulturas sagradas.

A igreja monástica é de planta retangular, constituída por uma só nave e com abóbada de berço pintada a fresco com cenas dos Evangelhos.
Trabalho de características da transição clássico-barroco de fins da centúria, é obra de mérito artístico e, sem dúvida, pode contar-se entre as melhores pinturas murais que subsistem nos templos portugueses. As paredes são revestidas, até à cimalha, com azulejos do séc. XVII.

O altar é de arte barroca com talha dourada; o púlpito de mármore estilo renascentista. A sala do Capítulo apresenta também belíssimos frescos provavelmente pintados pelas freiras professoras deste convento. A capela da Ordem Terceira de São Francisco alberga, nas suas paredes, nichos com imagens de santos, tanto no lado direito como no lado esquerdo. A portada da igreja, obra do ciclo tardo-renascentista é formada por anchas jambas e lintel direito de cornija muito pronunciada, sobre a qual se eleva, em tímpano semicircular, esculpido em alto-relevo de mármore, a representação simbólica da Virgem com o Menino no regaço, ladeados pelos Anjos Custódios de Portugal, São Rafael e São Gabriel, devidamente autenticados.
O Menino Jesus encontra-se com a esfera armilar na mão, símbolo das glórias marítimas e da expansão universal da Igreja.
Emoldurando a composição encontra-se a legenda latina inscrita por letra clássica, bem desenhada:

SALVS OMNIVM IM ESPERACIVM (A salvação de todos e a esperança de um)

Ondulante filactera segura pelos arcanjos abraçando toda a cena no corpo inferior, encerra a expressão divina:

AVE MARIA GRAS. PLENA. DNS TECVUM (Deus te salve, Maria, cheia de graça; e o Senhor é contigo)

Trata-se de uma obra estimável de imaginário anónimo, de poucas afinidades com a arte francesa de Nicolau Chanterene, que trabalhou em Évora e Portalegre até cerca de 1540. Esta obra deve ser atribuída a mestre português contratado pelos Duques de Bragança, depois da morte da fundadora da casa, em 1558.

FONTE BIBLIOGRÁFICA

ESPANCA, Túlio — Inventário Artístico de Portugal. IX. Distrito de Évora. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1978.