Este espaço conventual foi fundado pela
Duquesa de Bragança, D. Isabel de Lencastre, esposa do quinto Duque de Bragança,
D. Teodósio I, em 1553. A comunidade religiosa pertencia à Ordem de Santa Clara
e a igreja estaria pronta para o culto na década de 1570, altura em que passou
a receber as sepulturas sagradas.
A igreja monástica é de planta retangular,
constituída por uma só nave e com abóbada de berço pintada a fresco com cenas
dos Evangelhos.
Trabalho de características da transição
clássico-barroco de fins da centúria, é obra de mérito artístico e, sem dúvida,
pode contar-se entre as melhores pinturas murais que subsistem nos templos
portugueses. As paredes são revestidas, até à cimalha, com azulejos do séc.
XVII.
O altar é de arte barroca com talha
dourada; o púlpito de mármore estilo renascentista. A sala do Capítulo
apresenta também belíssimos frescos provavelmente pintados pelas freiras
professoras deste convento. A capela da Ordem Terceira de São Francisco
alberga, nas suas paredes, nichos com imagens de santos, tanto no lado direito
como no lado esquerdo. A portada da igreja, obra do ciclo tardo-renascentista é
formada por anchas jambas e lintel direito de cornija muito pronunciada, sobre
a qual se eleva, em tímpano semicircular, esculpido em alto-relevo de mármore,
a representação simbólica da Virgem com o Menino no regaço, ladeados pelos
Anjos Custódios de Portugal, São Rafael e São Gabriel, devidamente autenticados.
O Menino Jesus encontra-se com a esfera
armilar na mão, símbolo das glórias marítimas e da expansão universal da Igreja.
Emoldurando a composição encontra-se a
legenda latina inscrita por letra clássica, bem desenhada:
SALVS
OMNIVM IM ESPERACIVM (A
salvação de todos e a esperança de um)
Ondulante filactera segura pelos arcanjos
abraçando toda a cena no corpo inferior, encerra a expressão divina:
AVE
MARIA GRAS. PLENA. DNS TECVUM
(Deus te salve, Maria, cheia de graça; e o Senhor é contigo)
Trata-se de uma obra estimável de
imaginário anónimo, de poucas afinidades com a arte francesa de Nicolau
Chanterene, que trabalhou em Évora e Portalegre até cerca de 1540. Esta obra
deve ser atribuída a mestre português contratado pelos Duques de Bragança,
depois da morte da fundadora da casa, em 1558.
FONTE
BIBLIOGRÁFICA
ESPANCA,
Túlio — Inventário Artístico de Portugal. IX. Distrito de Évora. Lisboa:
Academia Nacional de Belas-Artes, 1978.
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