terça-feira, 3 de abril de 2018

IGREJA E CONVENTO DA ESPERANÇA


Este espaço conventual foi fundado pela Duquesa de Bragança, D. Isabel de Lencastre, esposa do quinto Duque de Bragança, D. Teodósio I, em 1553. A comunidade religiosa pertencia à Ordem de Santa Clara e a igreja estaria pronta para o culto na década de 1570, altura em que passou a receber as sepulturas sagradas.

A igreja monástica é de planta retangular, constituída por uma só nave e com abóbada de berço pintada a fresco com cenas dos Evangelhos.
Trabalho de características da transição clássico-barroco de fins da centúria, é obra de mérito artístico e, sem dúvida, pode contar-se entre as melhores pinturas murais que subsistem nos templos portugueses. As paredes são revestidas, até à cimalha, com azulejos do séc. XVII.

O altar é de arte barroca com talha dourada; o púlpito de mármore estilo renascentista. A sala do Capítulo apresenta também belíssimos frescos provavelmente pintados pelas freiras professoras deste convento. A capela da Ordem Terceira de São Francisco alberga, nas suas paredes, nichos com imagens de santos, tanto no lado direito como no lado esquerdo. A portada da igreja, obra do ciclo tardo-renascentista é formada por anchas jambas e lintel direito de cornija muito pronunciada, sobre a qual se eleva, em tímpano semicircular, esculpido em alto-relevo de mármore, a representação simbólica da Virgem com o Menino no regaço, ladeados pelos Anjos Custódios de Portugal, São Rafael e São Gabriel, devidamente autenticados.
O Menino Jesus encontra-se com a esfera armilar na mão, símbolo das glórias marítimas e da expansão universal da Igreja.
Emoldurando a composição encontra-se a legenda latina inscrita por letra clássica, bem desenhada:

SALVS OMNIVM IM ESPERACIVM (A salvação de todos e a esperança de um)

Ondulante filactera segura pelos arcanjos abraçando toda a cena no corpo inferior, encerra a expressão divina:

AVE MARIA GRAS. PLENA. DNS TECVUM (Deus te salve, Maria, cheia de graça; e o Senhor é contigo)

Trata-se de uma obra estimável de imaginário anónimo, de poucas afinidades com a arte francesa de Nicolau Chanterene, que trabalhou em Évora e Portalegre até cerca de 1540. Esta obra deve ser atribuída a mestre português contratado pelos Duques de Bragança, depois da morte da fundadora da casa, em 1558.

FONTE BIBLIOGRÁFICA

ESPANCA, Túlio — Inventário Artístico de Portugal. IX. Distrito de Évora. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1978.






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