O
primeiro edifício (São Pedro), situado no Monte Del-Rei, terá sido fundado no
século XIV por Gonçalo Martins e pelo seu filho Lourenço Gonçalves, casado com
Maria Lourenço, em terras de sua propriedade e cedida, com um pequeno quintal
na parte sul, ao clérigo Fernão Afonso e a João Afonso, ambos eremitas da
Congregação de São Paulo, para nela organizarem uma província filial da
casa-mãe da Serra de Ossa.
Túlio
Espanca não conseguiu identificar o ano desta doação, mas existe uma
confirmação dela passada a 9 de Novembro de 1431, pelo Conde de Arraiolos D.
Fernando (2.º Duque de Bragança), sendo já falecidos os seus doadores.
O
eremitério extinguiu-se pouco tempo depois, por estes religiosos terem
ingressado no Convento do Redondo e os monges terem aforado as casas e o
terreno anexo por 2400 rs, verba que foi paga até 1890 à Fazenda Nacional. A
propriedade pertence atualmente aos herdeiros do antigo Almoxarife da Casa de
Bragança, José Basílio Aça Castelo Branco.
Em meados
do século XVII, o vigário da vara de Vila Viçosa, Diogo Vieira e uma sua
sobrinha de nome Maria Francisca, residente na localidade, ofereceram ao templo
uma imagem com o título de Nossa Senhora das Mercês, que lhe havia sido doada
por uma espanhola peregrina e curandeira.
Esta imagem
foi colocada no altar-mor e passou a ter um culto muito elevado de devotos do
lugar a ponto de, já no ano de 1718, a consagração a Nossa Senhora das Mercês
ter absorvido, popularmente, o culto ancestral de São Pedro.
Erigida,
mais tarde, a capelinha privativa de Nossa Senhora das Mercês (ao lado da
anterior), embora ligada ao edifício antigo, os respetivos mordomos, pelo
aumento do volume das peregrinações, ordenaram a construção de hospedarias para
visitantes religiosos, tornando-se célebres as romagens promovidas pelas vilas
de Terena e Redondo, realizadas anualmente no dia 8 de Setembro.
Os edifícios
das antigas Ermidas estão voltados a ocidente, concebidos em alvenaria
recoberta de sucessivas camadas de cal e construídas no sistema arquitetónico
de aro ruralista alentejano.
A atual Ermida
de São Pedro é provavelmente um edifício do século XVI, com uma frontaria de alpendre
e três arcos redondos, muito semelhante à das Ermidas de São Jerónimo, na
Tapada e de São Bento, ambas em Vila Viçosa. Contêm pinturas de tinta de água
da primeira metade do século XIX.
A Ermida
de Nossa Senhora das Mercês tem uma dimensão mais reduzida e a sua traça atual
é recente, tendo sido concluída em 1838. Tem um portal marmóreo e um frontão
simples e triangular. Tem também no seu interior um conjunto de pinturas
florais neoclássicas e a cruz da Ordem de Avis, que absorveram as ainda
visíveis composições barrocas, de ornatos e arabescos, de 1700. Possui um
retábulo em mármore, obra de canteiro local.
São portanto
dois espaços religiosos contíguos que marcam a paisagem da freguesia de
Bencatel, no caminho para São Tiago de Rio de Moinhos. No entanto, as
referências informativas existentes no local apenas descrevem a Ermida de Nossa
Senhora das Mercês.
FONTES:
ESPANCA, Túlio Inventário Artístico de
Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas
Artes, Lisboa, 1978.
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