Estou
neste momento a pesquisar, no Arquivo Histórico Municipal de Vila Viçosa,
alguns documentos do Padre Joaquim Espanca sobre a Freguesia de Pardais. Esta
análise baseia-se na transcrição de um documento manuscrito do século XIX que
constitui uma fonte documental muito interessante e que efetua uma descrição
muito detalhada sobre este território.
Um dos
aspetos mais relevantes do texto baseia-se na descrição que é feita sobre umas
minas de ferro manganés, cuja extração teria sido iniciada durante o período
romano.
Esta
mina é referida em muitos documentos como sita no Monte dos Vieiros ou de
Miguel Vacas, em Pardais. O cronista calipolense salienta que durante o reinado
de D. João V (século XVIII), era extraído do local “um certo pó, semelhante ao
tabaco de cheiro”. No final do século XIX, a mina terá sido entaipada
novamente. Este facto foi para mim surpreendente, tendo em conta que esta zona
da freguesia de Pardais é sobretudo caracterizada pela atividade de extração de
mármore.
No
entanto e depois de uma investigação mais pormenorizada, foi possível constatar
que existem no concelho outros importantes recursos geológicos e mineralógicos.
O caso mais conhecido será precisamente
o da mina de Miguel Vacas junto a Pardais, onde no início do século XIX se
procedeu à exploração de cobre, de chumbo e de zinco. O local é conhecido
mundialmente pela ocorrência de cristais de malaquite (ver imagem), aqui acorrendo
especialistas no domínio da Geologia com a intenção de os ver[1].
E o que sabemos sobre
as Minas de Vieiros ou de Miguel Vacas?
Miguel Vacas (também localmente conhecida por Mina dos Vieiros, Cobre dos Vieiros) foi uma mina de cobre explorada ativamente entre 1925 e 1986. Possivelmente a sua atividade mineira remonta ao período romano, mas não existem indícios fortes que o comprovem. Na sua fase inicial, a exploração do minério era efetuada através de túneis e galerias. A sua exploração a céu aberto (pela MINARGOL) iniciou-se em 1979.
A mina
de Miguel Vacas foi objeto de vários trabalhos de prospeção e pesquisa mineira,
desde dos tempos mais remotos, sendo um dos trabalhos mais antigos
identificados uma pequena lavra mineira a céu aberto, atribuída aos Romanos.
Desde do ano de 1925 até a atualidade, diversas empresas realizaram estudos e
prospeção nas áreas concessionadas.
Neste âmbito, devemos destacar a firma inglesa G.F. Norton & Co., durante o período de tempo 1925 a 1929, realizou importantes trabalhos de reconhecimento e preparação de exploração da mina (como a abertura de uma galeria-travessa de acesso e esgoto e no extremo, onde foi localizado um filão, foram abertos mais de 1000 metros de galerias de reconhecimento). Também foram abertos três poços para efeitos de extração e de ventilação. A firma não iniciou a exploração da mina, provavelmente devido à depressão económica de 1929 a 1931.
A RIO NARCEA GOLD MINES, S.A., entre os
anos de 2005 e 2007, realizou vários trabalhos de prospeção e pesquisa
(análises de litogeoquímica, amostragem em canal e reanálise de sondagens) mas,
face aos resultados, mas optou por não dar seguimento a mais trabalhos de
prospeção e pesquisa na área da Mina de Miguel Vacas.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CARNEIRO, André. Um primeiro olhar sobre o povoamento romano no concelho de Vila Viçosa,
in revista de cultura Callipole, n.º
21, Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2013, pp. 213-232.
FERNANDES, Gustavo Pereira: Mineralizações
de Cobre da Mina de Miguel Vacas: Caracterização Petrográfica e Geoquímica. Mestrado em Geologia Económica,
Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciência, Departamento de Geologia. Lisboa,
2012.
[1]
CARNEIRO,
André. "Um primeiro olhar sobre o povoamento romano no concelho de Vila
Viçosa", in revista de cultura Callipole,
n.º 21, Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2013, pp. 213-232.
Cristais de Malaquite
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