quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

MINAS DE MIGUEL VACAS OU DOS VIEIROS - PARDAIS (Vila Viçosa)

Estou neste momento a pesquisar, no Arquivo Histórico Municipal de Vila Viçosa, alguns documentos do Padre Joaquim Espanca sobre a Freguesia de Pardais. Esta análise baseia-se na transcrição de um documento manuscrito do século XIX que constitui uma fonte documental muito interessante e que efetua uma descrição muito detalhada sobre este território.

Um dos aspetos mais relevantes do texto baseia-se na descrição que é feita sobre umas minas de ferro manganés, cuja extração teria sido iniciada durante o período romano.
Esta mina é referida em muitos documentos como sita no Monte dos Vieiros ou de Miguel Vacas, em Pardais. O cronista calipolense salienta que durante o reinado de D. João V (século XVIII), era extraído do local “um certo pó, semelhante ao tabaco de cheiro”. No final do século XIX, a mina terá sido entaipada novamente. Este facto foi para mim surpreendente, tendo em conta que esta zona da freguesia de Pardais é sobretudo caracterizada pela atividade de extração de mármore.

No entanto e depois de uma investigação mais pormenorizada, foi possível constatar que existem no concelho outros importantes recursos geológicos e mineralógicos. O caso mais conhecido será precisamente o da mina de Miguel Vacas junto a Pardais, onde no início do século XIX se procedeu à exploração de cobre, de chumbo e de zinco. O local é conhecido mundialmente pela ocorrência de cristais de malaquite (ver imagem), aqui acorrendo especialistas no domínio da Geologia com a intenção de os ver[1].

E o que sabemos sobre as Minas de Vieiros ou de Miguel Vacas?

Miguel Vacas (também localmente conhecida por Mina dos Vieiros, Cobre dos Vieiros) foi uma mina de cobre explorada ativamente entre 1925 e 1986. Possivelmente a sua atividade mineira remonta ao período romano, mas não existem indícios fortes que o comprovem. Na sua fase inicial, a exploração do minério era efetuada através de túneis e galerias. A sua exploração a céu aberto (pela MINARGOL) iniciou-se em 1979.
A mina de Miguel Vacas foi objeto de vários trabalhos de prospeção e pesquisa mineira, desde dos tempos mais remotos, sendo um dos trabalhos mais antigos identificados uma pequena lavra mineira a céu aberto, atribuída aos Romanos. Desde do ano de 1925 até a atualidade, diversas empresas realizaram estudos e prospeção nas áreas concessionadas.

Neste âmbito, devemos destacar a firma inglesa G.F. Norton & Co., durante o período de tempo 1925 a 1929, realizou importantes trabalhos de reconhecimento e preparação de exploração da mina (como a abertura de uma galeria-travessa de acesso e esgoto e no extremo, onde foi localizado um filão, foram abertos mais de 1000 metros de galerias de reconhecimento). Também foram abertos três poços para efeitos de extração e de ventilação. A firma não iniciou a exploração da mina, provavelmente devido à depressão económica de 1929 a 1931. 
A RIO NARCEA GOLD MINES, S.A., entre os anos de 2005 e 2007, realizou vários trabalhos de prospeção e pesquisa (análises de litogeoquímica, amostragem em canal e reanálise de sondagens) mas, face aos resultados, mas optou por não dar seguimento a mais trabalhos de prospeção e pesquisa na área da Mina de Miguel Vacas.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CARNEIRO, André. Um primeiro olhar sobre o povoamento romano no concelho de Vila Viçosa, in revista de cultura Callipole, n.º 21, Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2013, pp. 213-232.

FERNANDES, Gustavo Pereira: Mineralizações de Cobre da Mina de Miguel Vacas: Caracterização Petrográfica e Geoquímica. Mestrado em Geologia Económica, Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciência, Departamento de Geologia. Lisboa, 2012.




[1] CARNEIRO, André. "Um primeiro olhar sobre o povoamento romano no concelho de Vila Viçosa", in revista de cultura Callipole, n.º 21, Câmara Municipal de Vila Viçosa, 2013, pp. 213-232.







                                                                        Cristais de Malaquite 

Sem comentários:

Enviar um comentário