A
tradição de mercados e feiras em Vila Viçosa é muito antiga.
Para além
do comércio regular, a localidade tinha em 1521 uma feira franca – a feira de
Maio - talvez de origem medieval. Ainda na primeira metade do século XVI, o
quarto Duque de Bragança, D. Jaime, decidiu criar uma segunda feira. A nova
feira tinha a duração de oito dias e as tendas instalavam-se no Largo do
Convento de Santo Agostinho e no da Saboaria, adjacentes ao Paço.
No
entanto, a sua duração ter-se-á revelado desadequada, porque os mercadores
abandonavam o local ao fim de poucos dias. Esta razão teria feito com que D.
Jaime recorresse ao Rei D. João III a fim de obter licença para desmembrar este
período de tempo em duas ou mais feiras, sendo o pedido deferido em 1528.
Desta
forma, a Feira de Agosto passou a durar três dias e os restantes cinco
originaram a Feira de Janeiro. Para além destas três feiras, foi criado um
mercado semanal às quartas-feiras em 1697.
A Feira
de Agosto seria a mais concorrida, segundo os cronistas (António de Oliveira
Cadornega, sobretudo) e as mercadorias muito variadas. Toda a área do Terreiro
do Paço e as suas imediações se enchia de lojas. Desde peças de ourivesaria, a
sedas, linhos, livros, violas e canas de pesca, havia de tudo.
No local,
não expunham apenas os mercadores que vinham de fora. A ocasião era também
aproveitada pelos mercadores da Vila, que alugavam tendas na feira e ai
colocavam as suas mercadorias. Todo este movimento era observado pela Corte
Ducal, que assistia à Feira das janelas do Paço, entrando em diálogo com alguns
mercadores.
Havia em
Vila Viçosa mercados diários e semanais à quarta-feira. O mercado semanal data do
ano de 1697. De entre os mercados diários, o de domingo e o de quarta-feira eram os
mais concorridos. No mercado semanal vendia-se fruta, legumes e hortaliças,
loiça, galinhas, perus, ovos, caça, queijos, artefactos de alfaia rústica e
doméstica, velharias, roupas e calçado, expostos por "tendeiros", ou
vendedores-ambulantes.
Antes da
instituição dos mercados só existiam os ajuntamentos comerciais das feiras. Como
dissemos, Vila Viçosa teve o privilégio da concessão régia de três feiras,
antes do século XVI. A mais antiga dessas feiras é a de Maio, que remonta ao tempo
do Rei D. Fernando. As feiras de Agosto e de Janeiro resultam da cisão da feira
de Santo Agostinho em duas, ocorrida em 1528 por decisão de D. Jaime e com
autorização régia.
Os
ajuntamentos de feirantes eram feitos nos Terreiros do Paço e de Santo Agostinho,
isto até à segunda metade do século XIX. A partir de então, deslocou-se a
realização das feiras para os largos do Carrascal e do Rossio de São Paulo.
Estas feiras foram, em tempos, as maiores e mais concorridas do Alentejo no
comércio de gado.
Constituíam um local de comércio para todo o tipo de mercadorias. Foram uma
importante fonte de dinamização do quotidiano económico e social do concelho.
Bibliografia
ARAÚJO, Maria Marta Lobo de, Dar aos
pobres e emprestar a Deus: as Misericórdias de Vila Viçosa e Ponte de Lima
(Séculos XVI-XVIII), Barcelos, 2000.
Mercado municipal na Praça Rainha D. Amélia (hoje Praça da República), no início do século XX
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