Passar em
determinados locais da nossa vila constitui um encontro com a História. Muitas
vezes, certos pormenores passam despercebidos e só com um segundo olhar conseguimos
captar elementos arquitetónicos interessantes, que nos remetem para um passado
distante. Neste caso concreto, trata-se de uma memória do período medieval, tão
pouco conhecido, da localidade.
Em 1270,
o Rei D. Afonso III demarcou por termo de Vila Viçosa a parte austral do
concelho de Estremoz. Antes da emissão da primeira carta de foral, nesse mesmo
ano, já tinha ocorrido uma rápida expansão da população.
A
necessidade de povoar a nova vila resultou da ação de colonização de novos
espaços (razões político-administrativas) e domínio efetivo do território e
respetiva ação defensiva (razões militares). Existiam também motivações de
carácter económico aquando da fundação de Vila Viçosa, devido à existência de
um subsolo rico (linhas de água e minas) e a presença de vias de comunicação
terrestre, com destaque para a antiga via comercial romana Olisipo-Salacia-Emerita.
Na
sequência do pedido feito pelos primeiros “calipolenses”, D. Afonso III atribui
a Vila Viçosa os mesmos foros de Monsaraz, isentando alguns impostos. A
atribuição da carta de foral ao pequeno aglomerado populacional existente
reconhece a sua importância.
A muralha
medieval do aglomerado urbano terá sido construída a partir de 1290 por ordem
do Rei D. Dinis e concluída em 1297, possivelmente envolvendo a Ordem Militar
de São Bento de Avis. Vila Viçosa era ainda um pequeno aglomerado populacional,
constituindo mais uma povoação característica do Portugal medievo.
Na Rua Cristovão
de Brito Pereira (antiga Rua da Capela e dos Caldeireiros), encontra-se
colocado no murete do quintal da “Pastelaria Azul”, uma interessante verga de
mármore branco, de arco conopial, lavrado com rosetas e florões de baixo-relevo.
Trata-se certamente de um vestígio arcaico de uma janela de um enobrecido edifício
gótico.
FONTES
BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, António Carvalho da, Corografia
Portuguesa e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal, Tomos I, II,
III, Ed.Officina de Valentim da Costa Deslandes, Lisboa, 1708
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de
Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas
Artes, Lisboa, 1978.
RODRIGUES, Guilherme; Pereira, João Manuel Esteves
– Portugal: Dicionário histórico, chorográfico, biográfico, bibliográfico, heráldico,
numismático e artístico, VII Vol. Lisboa, João Torres e C.ª, 1904-1915
TEIXEIRA, Manuel, Vila Viçosa, Cidade
Erudita, Callipole, nº 12, 2004, pp 209-224.
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