segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

VILA VIÇOSA MEDIEVAL

Passar em determinados locais da nossa vila constitui um encontro com a História. Muitas vezes, certos pormenores passam despercebidos e só com um segundo olhar conseguimos captar elementos arquitetónicos interessantes, que nos remetem para um passado distante. Neste caso concreto, trata-se de uma memória do período medieval, tão pouco conhecido, da localidade.

Em 1270, o Rei D. Afonso III demarcou por termo de Vila Viçosa a parte austral do concelho de Estremoz. Antes da emissão da primeira carta de foral, nesse mesmo ano, já tinha ocorrido uma rápida expansão da população.
A necessidade de povoar a nova vila resultou da ação de colonização de novos espaços (razões político-administrativas) e domínio efetivo do território e respetiva ação defensiva (razões militares). Existiam também motivações de carácter económico aquando da fundação de Vila Viçosa, devido à existência de um subsolo rico (linhas de água e minas) e a presença de vias de comunicação terrestre, com destaque para a antiga via comercial romana Olisipo-Salacia-Emerita.

Na sequência do pedido feito pelos primeiros “calipolenses”, D. Afonso III atribui a Vila Viçosa os mesmos foros de Monsaraz, isentando alguns impostos. A atribuição da carta de foral ao pequeno aglomerado populacional existente reconhece a sua importância.
A muralha medieval do aglomerado urbano terá sido construída a partir de 1290 por ordem do Rei D. Dinis e concluída em 1297, possivelmente envolvendo a Ordem Militar de São Bento de Avis. Vila Viçosa era ainda um pequeno aglomerado populacional, constituindo mais uma povoação característica do Portugal medievo.

Na Rua Cristovão de Brito Pereira (antiga Rua da Capela e dos Caldeireiros), encontra-se colocado no murete do quintal da “Pastelaria Azul”, uma interessante verga de mármore branco, de arco conopial, lavrado com rosetas e florões de baixo-relevo. Trata-se certamente de um vestígio arcaico de uma janela de um enobrecido edifício gótico.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa e Descripçam Topografica do Famoso Reyno de Portugal, Tomos I, II, III, Ed.Officina de Valentim da Costa Deslandes, Lisboa, 1708
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.
RODRIGUES, Guilherme; Pereira, João Manuel Esteves – Portugal: Dicionário histórico, chorográfico, biográfico, bibliográfico, heráldico, numismático e artístico, VII Vol. Lisboa, João Torres e C.ª, 1904-1915
TEIXEIRA, Manuel, Vila Viçosa, Cidade Erudita, Callipole, nº 12, 2004, pp 209-224.




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