Em cada esquina de Vila Viçosa, há uma
história por contar…
Serão estes conteúdos interessantes e
apelativos ao ponto de criarem rotas, circuitos ou visitas? A casa onde nasceu,
na Rua Florbela Espanca, a estátua na Praça da República e a casa onde faleceu
poderiam ser os vértices desta história. Estarão os visitantes e turistas
interessados em conhecer o local foram pintadas algumas das suas últimas obras?
E os proprietários? Até que ponto estarão disponíveis para abrirem as suas
portas e mostrarem os espaços, neste caso concreto, o quarto e o jardim?
São questões que merecem uma reflexão,
para eventual benefício de todos. Mediante um conjunto de regras e de
critérios, talvez fosse possível aplicar na prática uma solução interessante,
do ponto de vista turístico. Com recurso a uma equipa de guias e com uma
divulgação alargada, certamente haveria “clientes”, em conjugação com outras
propostas já existentes e que passam pelo Paço, Castelo, Igrejas Conventos e
outros museus.
Na casa que se vê na imagem, faleceu o
grande pintor impressionista Henrique Pousão, no dia 24 de Março de 1884. Foi
uma figura essencial de cultura e da arte portuguesa do século XIX.
Pousão tinha nascido em Vila Viçosa, no
imóvel nº 10 da antiga Rua da Corredoura (atual Rua Florbela Espanca), no dia 1
de Janeiro de 1859.
A casa da Rua Agostinho Cabral (antiga
Rua de Santa Luzia), na imagem, com o nº 64, é um edifício do último terço do
século XVII, com portal e duas janelas de mármore e sacadas da maior
simplicidade, decoradas por grades férreas, do gosto da época de D. Maria I.
Nesta casa foi também pintado um dos seus últimos quadros (óleo sobre madeira)
chamado “Aspeto da casa do Primo Matroco”, em 1883 e que se encontra no Museu
Nacional Soares dos Reis, no Porto.
Em 2016, conseguimos identificar no
jardim a perspetiva exata que inspirou Pousão para aquela que foi uma das suas
últimas obras. Escrevi um artigo para a Revista de Cultura CALLIPOLE sobre esta
história, no ano de 2016.
Esta casa da Rua de Santa Luzia era a
residência da Família Matroco, que acolheu Pousão, gravemente doente com
tuberculose, no seu regresso a Vila Viçosa, precisamente no inverno de 1883. Este
acolhimento verificou-se porque o pintor era afilhado de D, Maria das Dores da
Veiga, esposa de Manuel Maria Matroco.
Manuel Maria Matroco era uma figura
importante na comunidade calipolense na segunda metade do século XIX. Foi fiel
e escriturário da Misericórdia e era um brilhante costureiro, que tratava das
decorações religiosas para as celebrações da Imaculada Conceição e da Igreja
dos Agostinhos. Foi também Escrivão da Administração do Concelho e da Câmara[1].
BIBLIOGRAFIA:
ESPANCA,
Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cadernos,
Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.
[1]
Para consulta de uma
biografia mais detalhada sobre Manuel Maria Matroco, poderá ser consultada a
obra “Notáveis Calipolenses”, publicada em 2016.
A casa do primo Matroco, na antiga Rua de Santa Luzia
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