quarta-feira, 21 de março de 2018

A CASA DO PRIMO MATROCO, ONDE FALECEU O PINTOR HENRIQUE POUSÃO


Em cada esquina de Vila Viçosa, há uma história por contar…

Serão estes conteúdos interessantes e apelativos ao ponto de criarem rotas, circuitos ou visitas? A casa onde nasceu, na Rua Florbela Espanca, a estátua na Praça da República e a casa onde faleceu poderiam ser os vértices desta história. Estarão os visitantes e turistas interessados em conhecer o local foram pintadas algumas das suas últimas obras? E os proprietários? Até que ponto estarão disponíveis para abrirem as suas portas e mostrarem os espaços, neste caso concreto, o quarto e o jardim?

São questões que merecem uma reflexão, para eventual benefício de todos. Mediante um conjunto de regras e de critérios, talvez fosse possível aplicar na prática uma solução interessante, do ponto de vista turístico. Com recurso a uma equipa de guias e com uma divulgação alargada, certamente haveria “clientes”, em conjugação com outras propostas já existentes e que passam pelo Paço, Castelo, Igrejas Conventos e outros museus.

Na casa que se vê na imagem, faleceu o grande pintor impressionista Henrique Pousão, no dia 24 de Março de 1884. Foi uma figura essencial de cultura e da arte portuguesa do século XIX.
Pousão tinha nascido em Vila Viçosa, no imóvel nº 10 da antiga Rua da Corredoura (atual Rua Florbela Espanca), no dia 1 de Janeiro de 1859.
A casa da Rua Agostinho Cabral (antiga Rua de Santa Luzia), na imagem, com o nº 64, é um edifício do último terço do século XVII, com portal e duas janelas de mármore e sacadas da maior simplicidade, decoradas por grades férreas, do gosto da época de D. Maria I. Nesta casa foi também pintado um dos seus últimos quadros (óleo sobre madeira) chamado “Aspeto da casa do Primo Matroco”, em 1883 e que se encontra no Museu Nacional Soares dos Reis, no Porto.
Em 2016, conseguimos identificar no jardim a perspetiva exata que inspirou Pousão para aquela que foi uma das suas últimas obras. Escrevi um artigo para a Revista de Cultura CALLIPOLE sobre esta história, no ano de 2016.

Esta casa da Rua de Santa Luzia era a residência da Família Matroco, que acolheu Pousão, gravemente doente com tuberculose, no seu regresso a Vila Viçosa, precisamente no inverno de 1883. Este acolhimento verificou-se porque o pintor era afilhado de D, Maria das Dores da Veiga, esposa de Manuel Maria Matroco.

Manuel Maria Matroco era uma figura importante na comunidade calipolense na segunda metade do século XIX. Foi fiel e escriturário da Misericórdia e era um brilhante costureiro, que tratava das decorações religiosas para as celebrações da Imaculada Conceição e da Igreja dos Agostinhos. Foi também Escrivão da Administração do Concelho e da Câmara[1].

BIBLIOGRAFIA:
ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cadernos, Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.




[1] Para consulta de uma biografia mais detalhada sobre Manuel Maria Matroco, poderá ser consultada a obra “Notáveis Calipolenses”, publicada em 2016.




                                       A casa do primo Matroco, na antiga Rua de Santa Luzia


Segundo o pintor-escultor Espiga Pinto, o sótão seria o estúdio de pintura de Henrique Pousão,  na casa do primo Matroco

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