Catarina, filha de D. João IV
(oitavo Duque de Bragança) e de D. Luísa de Gusmão, nasceu no Paço de Vila
Viçosa no dia 25 de Novembro de 1638. Foi Rainha de Inglaterra pelo seu
casamento com o Rei Carlos II, realizado no dia 21 de Maio de 1662.
Em 1983, um grupo de portugueses propôs-se a recolher
fundos para comemorar o tricentenário da atribuição do nome de Catarina de
Bragança ao condado de Queens (Nova Iorque), erigindo uma estátua em memória da
princesa portuguesa (e calipolense), que um dia foi Rainha de Inglaterra.
Esta iniciativa durou 10 anos, tempo necessário para
reunir o dinheiro e a congregação de vontades para este objetivo. Com sucesso,
o distrito de Queens apoiou o projeto e em 1988, o Museu de Queens dedicaria
uma exposição em honra do 350º aniversário de Catarina de Bragança, também
graças à ação da Associação “Amigos da Rainha Catarina”.
Para a zona de Queens, durante este período, era
necessário criar algumas referências históricas que permitissem a consolidação
de uma identidade local, com uma matriz própria e genuína. A figura de D.
Catarina assumia uma importância vital no que concerne a este tema.
O projeto
inicial era bastante ambicioso e propunha erigir uma estátua de 10,6 metros (1/3 da altura da estátua da Liberdade) da autoria de Audrey Flack (artista norte-americana, pioneira do designado fotorrealismo), num
vasto memorial na frente fluvial de Queens (margem esquerda do East River), área
oposta à sede das Nações Unidas. A figura da Rainha
Catarina, em bronze, assentaria num sumptuoso pedestal, à beira-rio.
Com
um orçamento de 3,5 milhões de dólares, o projeto acabaria por ser
inviabilizado no momento em que a própria estátua estaria já na fundição, com
um movimento residual de cidadãos a trazer à discussão pública um argumento
difícil de contornar:
A
acusação baseou-se no facto de que a Rainha teria beneficiado do comércio de
escravos. Portanto, não faria sentido a homenagem, numa ilha onde as
comunidades de ascendência africana e irlandesa tinham uma relação socialmente
complexa, ora devido à questão da escravatura, ora por se tratar de uma Rainha
inglesa.
A
razão utilizada para que este projeto não fosse concretizado nos Estados Unidos
não faz qualquer sentido. Pretendeu-se associar a imagem de D. Catarina de
Bragança ao tráfico de escravos nas colónias, com a acusação de que a princesa
calipolense seria a principal responsável por este triste facto.
Perante
as pressões políticas, as razões históricas perderam o protagonismo e o local
onde a estátua supostamente devia ter sido erigida é hoje ocupado por uma
extensa linha de arvoredo. O modelo original sobrevive numa estátua que se
encontra no Parque das Nações, em Lisboa, reduzida a ¼ do tamanho previsto
originalmente.
Em 2013, um grupo de calipolenses, (com um forte entusiasmo do
Dr. José Manuel Martins) reavivou este tema. O objetivo consistiria na criação
de uma réplica desta estátua em Vila Viçosa. Penso que seria uma homenagem mais
que justa a esta ilustre calipolense! Faria sentido?!
D. Catarina de Bragança
Estátua de D. Catarina no Parque das Nações - Lisboa
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