domingo, 8 de outubro de 2017

Uma estátua para a calipolense D. Catarina de Bragança nos Estados Unidos!

Catarina, filha de D. João IV (oitavo Duque de Bragança) e de D. Luísa de Gusmão, nasceu no Paço de Vila Viçosa no dia 25 de Novembro de 1638. Foi Rainha de Inglaterra pelo seu casamento com o Rei Carlos II, realizado no dia 21 de Maio de 1662.

Em 1983, um grupo de portugueses propôs-se a recolher fundos para comemorar o tricentenário da atribuição do nome de Catarina de Bragança ao condado de Queens (Nova Iorque), erigindo uma estátua em memória da princesa portuguesa (e calipolense), que um dia foi Rainha de Inglaterra.
Esta iniciativa durou 10 anos, tempo necessário para reunir o dinheiro e a congregação de vontades para este objetivo. Com sucesso, o distrito de Queens apoiou o projeto e em 1988, o Museu de Queens dedicaria uma exposição em honra do 350º aniversário de Catarina de Bragança, também graças à ação da Associação “Amigos da Rainha Catarina”.
Para a zona de Queens, durante este período, era necessário criar algumas referências históricas que permitissem a consolidação de uma identidade local, com uma matriz própria e genuína. A figura de D. Catarina assumia uma importância vital no que concerne a este tema.
O projeto inicial era bastante ambicioso e propunha erigir uma estátua de 10,6 metros (1/3 da altura da estátua da Liberdade) da autoria de Audrey Flack (artista norte-americana, pioneira do designado fotorrealismo), num vasto memorial na frente fluvial de Queens (margem esquerda do East River), área oposta à sede das Nações Unidas.  A figura da Rainha Catarina, em bronze, assentaria num sumptuoso pedestal, à beira-rio.
Com um orçamento de 3,5 milhões de dólares, o projeto acabaria por ser inviabilizado no momento em que a própria estátua estaria já na fundição, com um movimento residual de cidadãos a trazer à discussão pública um argumento difícil de contornar:
A acusação baseou-se no facto de que a Rainha teria beneficiado do comércio de escravos. Portanto, não faria sentido a homenagem, numa ilha onde as comunidades de ascendência africana e irlandesa tinham uma relação socialmente complexa, ora devido à questão da escravatura, ora por se tratar de uma Rainha inglesa.
A razão utilizada para que este projeto não fosse concretizado nos Estados Unidos não faz qualquer sentido. Pretendeu-se associar a imagem de D. Catarina de Bragança ao tráfico de escravos nas colónias, com a acusação de que a princesa calipolense seria a principal responsável por este triste facto.
Perante as pressões políticas, as razões históricas perderam o protagonismo e o local onde a estátua supostamente devia ter sido erigida é hoje ocupado por uma extensa linha de arvoredo. O modelo original sobrevive numa estátua que se encontra no Parque das Nações, em Lisboa, reduzida a ¼ do tamanho previsto originalmente.
Em 2013, um grupo de calipolenses, (com um forte entusiasmo do Dr. José Manuel Martins) reavivou este tema. O objetivo consistiria na criação de uma réplica desta estátua em Vila Viçosa. Penso que seria uma homenagem mais que justa a esta ilustre calipolense! Faria sentido?!

                                                            D. Catarina de Bragança





                                       Estátua de D. Catarina no Parque das Nações - Lisboa



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