Nos anos de 1939, 1940 e 1941, o Castelo de Vila Viçosa é alvo de um conjunto de intervenções promovidas pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais. Esta estratégia de valorização ideológica inseriu-se na ação política do Estado Novo e da exaltação dos valores ligados à Restauração da Independência, que tinha tido em Vila Viçosa, em 1640, um dos seus principais lugares.
A planificação é pensada pelo Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, que tinha também uma forte ligação afetiva a Vila Viçosa.
Foi então definido um plano que viria a alterar profundamente o contexto urbanístico de Vila Viçosa, inserido no estilo designado "Português Suave", que procurava implementar uma arquitetura genuinamente portuguesa.
Nestes três anos, são efetuadas as primeiras e mais significativas ações, levadas a cabo pelo empreiteiro António Domingues Esteves, consistindo na demolição de paredes de alvenaria, consolidação e regularização da muralha, construção e assentamento de degraus e de ameias, segundo as existentes; construção e assentamento de cantaria aparelhada em cunhais, portas e degraus; construção de paredes de alvenaria em muralhas; demolição da Capela de Nossa Senhora dos Remédios; reconstrução da torre cilíndrica ao lado da Porta de Évora; entaipamento da porta de Elvas e do cubelo quadrangular na sua proximidade, que descaíra, aproveitando-se os seus materiais; demolição da ponte de alvenaria de acesso à porta principal da fortaleza artilheira; demolição das duas tenalhas e da cortina, que se adossava à torre albarrã; reparação geral da armação dos telhados, com substituição de madeiras, e da cobertura na fortaleza artilheira; arranjo dos acessos ao castelo e apeamento e transferência do pelourinho, para a localização actual e da Porta do Nós (na Cerca Nova) para junto da cerca do Mosteiro dos Agostinhos.
As grandes obras vão prolongar-se até meados dos anos 50 do século XX e abrangeram a cerca medieval, a fortaleza-artilheira e as fortificações seiscentistas.
As intervenções efetuadas geram hoje alguma controvérsia nos especialistas sobre esta matéria, porque correspondem a um plano com uma forte carga ideológica e que sacrificou alguns dos elementos originais da Cerca Velha.
Também a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, situada junto da torre albarrã e provavelmente do século XVI, foi completamente demolida. Uma decisão polémica, tendo em conta o valor do revestimento azulejar do seu interior e a perda parcial do retábulo de talha dourada do início do século XVIII, felizmente recuperados por ação da Fundação da Casa de Bragança.
Na imagem, temos a construção (ou reconstrução ?) da Porta de Évora, uma das mais importantes referências do Castelo nos nossos dias.
Fonte consultada:
www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=3927
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