sábado, 15 de outubro de 2022

LENDAS E HISTÓRIAS DA FREGUESIA DE CILADAS/ SÃO ROMÃO

 

Na freguesia de São Romão, encontram-se vestígios de antigos povoados na zona do alto dos Castelos, junto à ribeira da Asseca, com destaque para uma cista megalítica (estrutura sepulcral caraterística do Neolítico e da Idade do Bronze), de onde foram retirados vários fragmentos de cerâmica. Importante é também o castro da Brioa, junto do ribeiro do Furadouro, onde existem ainda alguns vestígios do que seria uma antiga muralha romana, assim como objetos de cerâmica.

O Ribeiro do Furadouro corta dois elevados montes, formando uma paisagem muito semelhante às “portas do Rodão”, chamada de “Rocha do Lago”, ou “Rocha da Águia”. Neste local, na maior profundidade, junto ao pego, encontra-se a Casa da Moura Encantada, constituída por duas abóbadas em tijolo hoje bastante arruinadas e teve em tempos uma porta e uma fresta, misteriosa construção antiga certamente relacionada com o aproveitamento de água. Por cima corre um muro que seria de uma velha albufeira e que hoje é uma fértil várzea.

Diz a lenda que aqui habita uma moura encantada, que se transforma numa serpente “grande e grossa”, à meia-noite, surgindo no meio da rocha, que se abria. Quem avistasse a cobra e permitisse que esta lhe desse um beijo, podia ficar com todo o ouro que se encontra neste lugar.

Em toda esta zona, foram encontrados testemunhos do período romano, o que revela a antiguidade da ocupação humana neste território.

Rezam as crónicas do século XVIII do Padre Alberto Mendes Catela, que na freguesia de São Romão, mais especificamente na herdade designada “Casarão dos Frades Agostinhos”, existiam jazidas de prata, enxofre e cobre e que neste local, já nas proximidades da freguesia de São Brás dos Matos, estavam umas covas, de onde se extraiu a prata com que se fez a coroa da imagem de Nossa Senhora dos Remédios, da capela do Forte do Conde.

Esta imagem foi levada para Goa por D. Francisco Lobo, capitão-mor das naus da Índia, pelo ano de 1587, tendo regressado em 1670, depois de várias peripécias.

Neste local, junto das jazidas, diz a lenda que existia uma fonte, ou “um nascimento de água”, da qual bebia D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV e Rainha de Inglaterra, pelo casamento com Carlos II. Quando regressou a Portugal, mandava vir desta água, por ser mais leve e saudável.

Na ribeira da Asseca, assim chamada porque secava todos os anos, encontra-se uma antiga ponte (a que chamam indevidamente de “Ponte Romana”), que no século XVIII estava já bastante danificada, condicionando a circulação de pessoas e mercadorias, que vinham de Juromenha, Olivença e das demais partes de Castela e que assim não se podiam comunicar com as gentes de Vila Viçosa, Borba e Estremoz.


Bibliografia

LOURO, P. Henrique da Silva, Ciladas/São Romão (Apontamentos Históricos), Évora, 1967




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