Na
freguesia de São Romão, encontram-se vestígios de antigos povoados na zona do alto
dos Castelos, junto à ribeira da Asseca, com destaque para uma cista megalítica
(estrutura sepulcral caraterística do Neolítico e da Idade do Bronze), de onde
foram retirados vários fragmentos de cerâmica. Importante é também o castro da Brioa,
junto do ribeiro do Furadouro, onde existem ainda alguns vestígios do que seria
uma antiga muralha romana, assim como objetos de cerâmica.
O Ribeiro
do Furadouro corta dois elevados montes, formando uma paisagem muito semelhante
às “portas do Rodão”, chamada de “Rocha do Lago”, ou “Rocha da Águia”. Neste
local, na maior profundidade, junto ao pego, encontra-se a Casa da Moura
Encantada, constituída por duas abóbadas em tijolo hoje bastante arruinadas
e teve em tempos uma porta e uma fresta, misteriosa construção antiga
certamente relacionada com o aproveitamento de água. Por cima corre um muro que
seria de uma velha albufeira e que hoje é uma fértil várzea.
Diz a
lenda que aqui habita uma moura encantada, que se transforma numa serpente “grande
e grossa”, à meia-noite, surgindo no meio da rocha, que se abria. Quem
avistasse a cobra e permitisse que esta lhe desse um beijo, podia ficar com
todo o ouro que se encontra neste lugar.
Em toda
esta zona, foram encontrados testemunhos do período romano, o que revela a antiguidade
da ocupação humana neste território.
Rezam as
crónicas do século XVIII do Padre Alberto Mendes Catela, que na freguesia de São Romão, mais
especificamente na herdade designada “Casarão dos Frades Agostinhos”, existiam
jazidas de prata, enxofre e cobre e que neste local, já nas proximidades da
freguesia de São Brás dos Matos, estavam umas covas, de onde se extraiu a prata
com que se fez a coroa da imagem de Nossa Senhora dos Remédios, da capela do
Forte do Conde.
Esta imagem
foi levada para Goa por D. Francisco Lobo, capitão-mor das naus da Índia, pelo
ano de 1587, tendo regressado em 1670, depois de várias peripécias.
Neste
local, junto das jazidas, diz a lenda que existia uma fonte, ou “um nascimento de água”, da qual
bebia D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV e Rainha de Inglaterra, pelo
casamento com Carlos II. Quando regressou a Portugal, mandava vir desta água,
por ser mais leve e saudável.
Na
ribeira da Asseca, assim chamada porque secava todos os anos, encontra-se uma
antiga ponte (a que chamam indevidamente de “Ponte Romana”), que no século
XVIII estava já bastante danificada, condicionando a circulação de pessoas e
mercadorias, que vinham de Juromenha, Olivença e das demais partes de Castela e
que assim não se podiam comunicar com as gentes de Vila Viçosa, Borba e Estremoz.
Bibliografia
LOURO, P.
Henrique da Silva, Ciladas/São Romão (Apontamentos Históricos), Évora, 1967
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