Foi
construída por D. João Diogo de Ataíde, 1º Conde de Alva, governador da
província entre 1724-1727, por compra a Brites Coelho, em 1724, do colmeal do
sítio do Misaral e da folha da coutada da Cruz do Tojal, integrada nas courelas
dos bens foreiros da Câmara, para fins de vilegiatura[1].
O 1º
Conde de Alva foi filho segundo do 6º Conde de Atalaia, D. João Manuel de
Noronha e de D. Francisca Leonor de Mendonça, filha dos 1ºs Condes da Ribeira
Grande. Foi um ilustre militar e conselheiro de Guerra do Rei D. João V,
alcançando, com distinção, o posto de tenente-general, convertendo-se num dos
mais competentes oficiais da Guerra da Sucessão em Espanha, onde acompanhou o
marquês de Minas na tomada de Madrid em 1706.
Foi
casado com D. Constança Luísa Monteiro Paim[2].
Diziam os antigos no século XIX que o casal tivera um filho, que morrera
afogado no lago da quinta. D. João possuiu ainda o morgado e senhorio dos
Reguengos da Maia e de Agrela e a Comenda de Santa Maria de Campanhã. Morreu a
11 de Abril de 1750.
Destacam-se
alguns acontecimentos ligados a este espaço.
No dia 17
de Maio de 1727, é convocado o povo calipolense para se deferir uma petição do
proprietário D. João Diogo, para se lhe aforar uma quarta parte da courela na
coutada da Cruz do Tojal, que partia com colmeal do suplicante e herdades. Por
ficar de ponta nesse pedaço de terra, anuem a que se defira, pondo-lhe o foro
anual de 500 réis. Daqui resultou a constituição da Quinta do General, que está
na coutada perto da Ribeira de Borba[3].
Em 1794,
a Quinta do General foi adquirida por Estevão Duarte Cordeiro[4]
a Tomé Antunes Moreira. Em 1882, segundo o recenseamento efetuado, viviam na
Quinta do General três pessoas, provavelmente da mesma família[5].
Esta zona, apesar de insalubre, era conhecida pelas excelentes laranjas que
produzia.
Está
situada na meia encosta do aprazível vale que bordeja ao norte a estrada para
São Romão, na distância aproximada de 3 quilómetros de Vila Viçosa.
Possui um
excelente pomar e vestígios de um jardim de flores de espinho. A casa rural tem
uma silhueta interessante pelos seus telhados e empenas assimétricas, terraço
eirado e ruas de latadas. Possui ainda um tanque de lavagem e fonte de pórtico
de alvenaria artística, escaiolada, com frontão recortado de tabela axial cega
e arcada de pilastras e meia cúpula enconchada, obra característica de
arquitetura civil do reinado de D. João V. Conserva bancos de repouso,
pilaretes para as latadas e pavimento lajeado de xisto.
Nos
terrenos da quinta, que até meados dos anos 80 pertenceu ao lavrador Inácio
Pombeiro, recolhida da profanada igreja do Convento de São Paulo e da capela
privativa da banda do Evangelho, consagrada à Santíssima Trindade, encontra-se,
já bastante danificada por ter sido utilizada em qualquer engenho, a lauda
sepulcral do tesoureiro-mor da Capela Ducal de Bragança, P. Dr. Manuel Pessoa,
com a seguinte legenda de cronograma truncado:
S.ªE CAPELLA DO D.tor
P.e M.el
PESSOA THEZOUR.º MOR Q
FOI DA CAPELLA DO ESTADO
DE BRAG.ca
FAL.º EM 25 DE IAN.º16.S
No ano de
1992/3, a propriedade foi adquirida pela D. Filipa Lobato e pelo
Pintor/Escultor Espiga Pinto, artista plástico natural de Vila Viçosa, que
promoveram uma requalificação do espaço edificado e das estruturas anexas.
Em 1997 Dick e Elisabeth Bleyerveld adquirem a
Quinta, que passa a designar-se Quinta
do Colmeal, adaptando-a a unidade de turismo rural. Nessa data, o imóvel
estava bastante degradado e passou por uma renovação profunda, mantendo as suas
formas originais, mas não esquecendo o conforto exigido nos tempos atuais.
[1] Espaço utilizado para descanso, sobretudo
no campo
[2] Filha herdeira de Rui Monteiro Paim,
Secretário de El-Rei D. Pedro II
[3] ESPANCA,
Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cads., Câmara
Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.
[4] Nasceu em Vila Viçosa em 1734. Formou-se
em Direito na Universidade de Coimbra, tendo exercido advocacia em Vila Viçosa,
onde sempre viveu. Foi recebedor do Almoxarifado e posteriormente, foi
Administrador do Almoxarifado desta localidade em 1793.
[5] ESPANCA,
Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cads., Câmara
Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.
Bibliografia Consultada:
ESPANCA, Padre Joaquim José da Rocha, Memórias de Vila Viçosa, 36 cads., Câmara Municipal de Vila Viçosa, Vila Viçosa, 1983 – 1992.
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I, Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.
Fonte do século XVIII
Lápide
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