Este foi
o primeiro convento dos “Capuchinhos” em Vila Viçosa e estava situado na
Herdade de São Francisco (no caminho para São Romão), tendo sido construído no
ano de 1500 pelo quarto Duque de Bragança, D. Jaime. Foi cabeça da sua ordem em
Portugal e da Província da Piedade, a primeira capucha da regular observância
de São Francisco de Assis.
A ermida
na imagem está construída na meia encosta entre os outeiros de sobro e estevais
entre a Ribeira da Fadraga e Fonte da Cebola. O edifício foi reconstruído
integralmente por Frei Paulo de Évora, geral da Ordem dos Franciscanos em 1654.
Sofreu danos em 1834 (aquando da extinção das Ordens Religiosas em Portugal) e
esteve sem cobertura até 1947, data em que o então proprietário das terras, Sr.
João Cravo, promoveu obras de consolidação e restauro. Hoje, a propriedade
pertence à família Ferreira.
O
edifício ainda conserva a curiosa silhueta sacra na linha do ocidente,
defrontando a base de grossa alvenaria do antigo cruzeiro e encostava à
sacristia, refeitório e cozinha, únicas dependências contíguas, no período
claustral. As celas ficavam disseminadas pelo terreno patrimonial do
eremitério.
Com a
frontaria rebocada de branco, com empena triangular recortada por volutas e
aletas de enrolamento, barrocas, ainda hoje conserva o portal singelo e
campanário axial, sem sino, que foi roubado após a profanação do edifício e o
do seu abandono como ancestral hospício freirático.
Na empena
da portada existiu e também desapareceu uma lápide comemorativa da restauração
do templete, com a seguinte inscrição:
A PROVINCIA DA PIEDADE, PRIMEIRA CAPUCHA DE
TODA A ORDEM DE NOSSO PADRE SÃO FRANCISCO, FEZ O PRIMEIRO CONVENTO NESTE LUGAR
NO ANNO DE 1500, COM OS FAVORES E MERCÊS DO SERENÍSSIMO SENHOR D. JAIME. QUARTO
DUQUE DE BRAGANÇA. MUDOU-SE DEPOIS O CONVENTO, FICOU AQUI HUMA ERMIDA. A QUAL
ARRUINADA PELOS TEMPOS. FOI REEDIFICADA PELA MESMA PROVINCÍA COM O TÍTULO DE
NOSSA SENHORA DOS ANJOS, REINANDO EL REI NOSSO SENHOR D. JOÃO IV, NO ANNO DE
1654.
A única
nave, completamente despida de adornos, distribui-se em planta retangular e
teve teto de berço. Nos alçados houve composições de tinta de água e uma
coleção de quadros de óleo sobre tela, figurados por temas religiosos e
personagens ligados à história da Ordem Capucha, de meio corpo, nomeadamente: o
Duque fundador, D. Jaime, o seu filho D. Teodósio I, Frei João de Guadalupe,
Frei Pedro de Melgar e Frei António do Casal, Arcebispo de Goa.
O
santuário estava integrado no corpo da nave e teve três nichos de alvenaria,
onde se expunham Nossa Senhora dos Anjos, imagem de roca e de pequena estatura
(transferida para o Santuário de Nossa Senhora da Conceição), São Francisco de
Assis e São José (ambas recolhidas para oratórios particulares).
Até 1978,
existiam vestígios de alizares de azulejos polícromos. O púlpito também
desapareceu, em data incerta.
Por se
situar num ermo entre dois cabeços apertados e devido à insalubridade desta
primeira casa monástica, ocorreu uma primeira mudança, em 1547, para junto do
Outeiro da Forca. No entanto, esta nova instalação não foi definitiva, por se
encontrar em terrenos alagadiços, o que trazia problemas à vida comunitária,
sobretudo no inverno.
A terceira
mudança (e definitiva) para o local onde hoje se encontra o Convento dos
Capuchos que todos conhecemos, ocorreu em 1606.
Junto do
primitivo convento, encontram-se a Fonte das Lágrimas e o aqueduto
quinhentista, construção do estilo gótico final, construído com arcadas de
tijolo vermelho, provavelmente no início do século XVI.
Bibliografia consultada:
ESPANCA,
Túlio,
Inventário Artístico de Portugal – Distrito de Évora, Zona Sul, vol. I,
Academia Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1978.
O primitivo edificio conventual, de 1500 (imagem captada em 1978)
O aqueduto quinhentista, situado nas imediações do primitivo convento
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